Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!
segunda-feira, dezembro 26, 2005
férias de inverno
Tenho alturas, assim, em que sinto a cabeça a fervilhar de ideias, de reflexões, em que tenho comichão nos dedos, e preciso urgentemente de um teclado. É triste... porquê é que já não escrevo à mão? Digo escrever neste sentido, escrever como forma de expressão, de pôr por escrito o que me vem à cabeça e que SEI, sinto que não pode voar, não pode escapar. Detesto a sensação de me sentir “produtiva”, com ideias, de não ter a possibilidade de me exprimir, e sentir que elas escapam. Passaram. Por vezes voltam. Mas nem sempre. Mas se tenho oportunidade de escrever, como agora, sinto que está antes de tudo. Antes de IQV e Matemática. Nem que tenha de passar depois a noite em claro a estudar e a recuperar o atraso que já levo de pelo menos três dias no meu plano de estudo para os exames de Janeiro. O Piloto (filho da Púcara =P) ladra lá fora. É o meu pai a voltar do passeio nocturno. Agora está a avivar o lume. “És tu, ou sou eu?” isto foi a minha mãe, antes de biscar, esfregando a carta na mesa antes de olhar para ela, para dar sorte. É daqueles gestos aos quais nos habituamos, mesmo sabendo que não vai mudar a carta, que não dá para lhe “trocar as pintas”. Superstição? may be...
extrait de...
«Cher Mozart,
C'était hier.
Alors que la ville ployait sous le vent et la neige, tu m'as surpris au détour d'une rue. Les larmes que tu m'as arrachées m'ont réchauffé d'une façon essentielle, le visage autant que l'âme. J'en tremble encore.
Noël avait jeté sur les trottoirs des centaines d'humains affolés à l'idée de manquer de cadeaux et de nourriture lors des festivités à venir. [...]
[...]
Une fois que mes sacs eurent englouti l'ultime cadeau nécessaire, je songeai à me réfugier dans un taxi pour rentrer et je trottai vers une station.
C'est là que tu intervins.
Une musique me fit pivoter: une chorale chantait.
Il y avait dans l'air quelque chose de probe, de recueilli qui m'immobilisa.
A cause de la neige, je ne pouvais poser mes paquets au sol par crainte que l'humidité ne les amollisse; je demeurai donc debout, les bras chargés, les épaules lourdes, les paumes sciées, à me laisser pénétrer par le mystère qui envahissait l'espace.
Quelques secondes plus tard, les larmes jaillirent de mes paupières, violentes, chaudes, salées, sans que je puisse les essuyer.
[...]
Je haussai la tête.
Noël au pied de la cathédrale...
Je n'avais rien remarqué auparavant.
[...]
Sur les marches, réfugiés sous les ogives qui les protégeaient des flocons, les chanteurs, collés, anorak contre anorak, des glaçons en formation sous les narines, émettaient de la buée chaque fois qu'ils ouvraient la bouche. [...]
J'avisai la partition du chef: Ave, verum corpus de Wolfgang Amadeus Mozart.
Encore toi?
[...]
Je levai les yeux vers les flèches, les gargouilles, l'enlacement des sculptures qui grimpaient jusqu'au clocher et ma vue se brouilla... Noël... Tu me révélais que nous vivions un moment sacré. Au plein coeur de l'hiver, à la saison où l'on craint que les ténèbres ne l'emportent, que le froid ne nous fige dans une glace définitive, lorsque enfin, vers le 20 décembre, la lumière recommence à croître, les hommes de toutes les civilisations se réunissent pour fêter le solstice, la clarté timide, le regain de l'espoir. [...]
En même temps, tu disais «Ave, verum corpus»: tu attribuais un sens religieux à cet instant.
Religieux, je ne le suis guère.
Insistant, mélodieux, d'une douceur inexorable, tu me contraignais pourtant à un examen critique. Pourquoi fêtes-tu Noël? me demandais-tu. Pourquoi dépenses-tu tant d'argent? Les réponses arrivaient à ma conscience et me faisaient peur. Alors que je me croyais bon depuis le matin, je découvrais que j'étais surtout très content de moi: j'effaçais l'égoïsme qui avait réglé mon comportement durant l'année, je compensais en cadeaux les intentions que je n'avais pas eues, les coups de téléphone que je n'avais pas rendus, les heures que je n'avais pas consacrées aux autres. Au lieu de rayonner de générosité, je m'achetais une tranquillité d'âme. Ma frénésie n'avait rien d'évangélique: un placement précis pour m'acquérir une bonne réputation. Je ne souhaitais pas la paix, je ne désirais que la mienne.
Or tu me rappelais que nous fêtions la naissance d'un dieu qui parle d'amour...
Alors, peu importe que j'y croie ou non, à ce dieu; dans la mesure où je m'autorisais à fêter Noël, au moins devais-je célébrer l'amour...
J'avais compris.
A la fin du morceau, bien que pesant toujours aussi lourd dans mes paumes déchirées, mes paquets avaient un sens différent: ils étaient lestés d'amour.
Le choeur apaisé qu'avaient exhalé ces vétérans, il me désignait un monde dont je n'étais pas le centre mais dont l'humain est le centre. Il exprimait une attention des hommes pour les hommes, un souci quant à notre vulnérabilité, notre condition mortelle. Voilà ce que disaient les tortues en bonnets de laine, sous les portiques de Saint-Jean.
Dans la nuit obscure de l'hiver et de la chair, nous étions frères en fragilité. Tu me révélais qu'il y avait un univers purement humain, établissant ses propres règles, ses croyances, ses rendez-vous où les voix s'enlacent en harmonie pour délivrer une beauté qui ne peut naître que de l'accord, de l'entente, au prix d'une recherche commune, d'un but consenti, d'une émotion partagée... Surgissait un monde parallèle à la nature, celle-là même que le gel, le froid, la nuit pouvaient anéantir. Un univers inventé, le nôtre. Cet univers-là, par ta musique, tu le reflétais, tu le dessinais. Peut-être le créais-tu?
A ce royaume - au-delà du christianisme et du judaïsme, indépendant des religions -, je voulais croire.
Aujourd'hui, je ne sais si Dieu ou Jésus existe. Mais tu m'as convaincu que l'Homme existe.
Ou mérite d'exister.»
domingo, dezembro 25, 2005
Life is a Waterfall
Life is a waterfall
We’re one in the river
And one again after the fall
Swimming through the void
We hear the word
We lose ourselves
But we find it all....
Cause we are the ones that want to play
Always want to go
But you never want to stay
And we are the ones that want to choose
Always want to play
But you never want to lose
Aerials, in the sky
When you lose small mind
You free your life
Life is a waterfall
We drink from the river
Then we turn around and put up our walls
Swimming through the void
We hear the word
We lose ourselves
But we find it all...
Cause we are the ones that want to play
Always want to go
But you never want to stay
And we are the ones that want to choose
Always want to play
But you never want to lose
Aerials, in the sky
When you lose small mind
You free your life
Aerials, so up high
When you free your eyes eternal prize
Aerials, in the sky
When you lose small mind
You free your lifeAerials, so up high
When you free your eyes eternal prize
segunda-feira, dezembro 19, 2005
contra a corrente
domingo, dezembro 18, 2005
dúvida existencial
Mas porquê é que só eu tenho este tipo de reflexões????!!!!!
sábado, dezembro 10, 2005
despertador adiantado e sabedoria chinesa
Ainda por cima hoje o despertador estava adiantado de uma hora e cheguei afogueada à Academia, a pensar que estava atrasada de 10 minutos, enquanto na realidade ainda faltava hora e meia para o ensaio começar. O Marco (o tipo da recepção) ficou a olhar para mim com os olhos muito abertos («ensaio? qual ensaio?... com a orquestra? a esta hora?! pensava que era só às 10...») e o pessoal que foi chegando, com admiração («já tás cá? já afinaste? mas o ensaio é só às 10h30...»), o maestro («olhá minha flautinha que já chegou!»), etc... Fui tomar o pequeno-almoço, visto que tinha saído de casa a correr da cama para o eléctrico («é uma torrada e um galão se faz favor»). No café fiquei a ouvir uma cliente comentar o jogo de ontem com o barman («o Sporting a perder contra o Estrela da Amadora... o meu Manel ficou pior que estragado»). E por fim decidi ir à Bertrã do Chiado passear entre livros.
Adoro passar os olhos pelas prateleiras e ler os títulos sem tentar perceber o significado... ficam palavras e frases, nomes e citações a ressoar-me nos ouvidos, a abstrair-me dos clientes que me rodeiam, e do espírito comercial natalício que tem tendência, nesta altura do ano, a velar a sensação de estar ali, no meio das palavras escritas. Vi um livro lindíssimo sobre Budismo (já sei o que vou pedir no Natal do ano que vem =P) e dois que acabei por comprar: Escrava de Mende Nazer, Damien Lewis, e a sabedoria chinesa de Ana Cristina Alves. O primeiro porque é uma história verídica, passada na África contemporânea; e o segundo por a autora ser portuguesa licenciada em Filosofia e doutorada em Cultura Chinesa. Mas também pelo que tinha escrito na contra-capa:
«Grandes pérolas do pensamento oriental
"Quem se põe em bicos dos pés não se equilibra.
Quem dá grandes passadas não avança.
Quem se exibe não brilha.
Quem se afirma não sobressai.
Quem se engrandece não tem mérito.
Quem se vangloria não será chefe."
"Quem conhece os outros é inteligente,
Quem se conhece a si mesmo é iluminado.
Quem vence os outros tem força,
Quem se vence a si próprio sabe ser forte.
Quem se contenta é rico,
Quem age tem vontade.
Quem não perde o seu lugar perdura,
Quem morre sem perecer alcança a longevidade."»
Espero vir a ter tempo de o ler um dia destes, estou cheia de curiosidade. Este é o tipo de livro com o qual gosto de fazer aquele jogo: vou abri-lo numa página ao calhas: p.62 (não, não é 69, seus perversos!!! =P)
«Confúcio
(Analects of Confucius, «Gongye Zhang», V-1) [isto tem sempre o original em chinês antes do português, também é uma das coisas que me agradaram neste livro]
Confúcio, em conversa sobre Gongye Zhang, afirmou:
- Dei-lhe a minha filha em casamento, visto que ele já esteve na prisão sem ter cometido qualquer crime.
E foi por isso que lhe entregou a filha.»
p.180:
«Laozi
(O Clássico da Via e da Virtude, 63)
Pratica o não agir,
trata dos assuntos pelo não tratar,
saboreia pelo sem-sabor.
Engrandece o pequeno
e multiplica-o.»
Acho que vou entregar este do "trata dos assuntos pelo não tratar" à prof de IQV, em vez do questionário da aula prática. É um dos assuntos dos quais tenho que tratar neste fim-de-semana.
Ainda tenho que investigar sobre estes quatro senhores: Confúcio, Laozi, Mâncio e Zhuangzi. Não percam o próximo post. =P
"Engrandece o pequeno e multiplica-o"... "Engrandece o pequeno e multiplica-o"... "Engrandece o pequeno e multiplica-o"... Como ver o Tejo de relance, desde o eléctrico. Tão azul.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Atrofio natalício
quarta-feira, novembro 30, 2005
Lágrimas
Seria necessário saber onde as arranjar, quais as ondas do mar que têm a salinidade mais compatível com os olhos humanos, quais as gotas da chuva que escorrem pelos vidros da janela do meu quarto ou pelo pára-brisas do autocarro que mais se parecem com lágrimas... quais as gotas de orvalho que formam os regos mais bonitos nas folhas dos plátanos...
Um vendedor de lágrimas teria antes de mais nada de saber exactamente quando estar presente... e estar lá sempre, imperativamente, se necessário. Porque as lágrimas são daquelas coisas que têm mesmo de estar disponíveis quando precisamos delas... imaginem o que seria ter aquele frio na barriga, os soluços, aquela fraqueza súbita e não poder chorar... ou também sentir aquele calor imenso no peito, a euforia a rebentar por todo o corpo, o aperto na garganta de tanta felicidade, e mais uma vez, de não a poder exprimir fisiologicamente (estou em biologia... há que usar os termos exactos para cada coisa =P). Por outro lado, há alturas em que era bom podermos escolher. Eu, por exemplo, detesto chorar em público, acho que todos (ou quase) temos uma certa relutância em mostrar fraqueza nalgumas circunstâncias; nesse momento chegaria o vendedor de lágrimas (ké frô? ké lágrima?) ao qual poderíamos responder discretamente "não obrigado... ainda não".
segunda-feira, novembro 21, 2005
ciclos
Mantém os olhos bem abertos e não te esqueças... nada é difinitivo, não há "últimas oportunidades"
a vida é feita de ciclos, as oportunidades para ser feliz repetem-se... não percas a próxima...
... uma vez que a apanhas basta deixares-te levar pelo vento e pelos acontecimentos...
... esperar que ela te volte a içar para cima, para fora do teu baixo astral...
... e deixar que ela te tire do lado sombrio.
(ok, tou num dos meus dias místicos)
segunda-feira, novembro 14, 2005
Voei com um bando de cisnes
Levada pelo vento, pelo ar, a toda a velocidade, encontro-me a uns 10 ou 15m de altura, sobrevoando uma auto-estrada. O meu corpo repousa num pedaço de cartão, do tamanho de uma folha A4, colado na minha barriga pela força do vento. Por baixo, a auto-estrada, pouco frequentada, com um ou outro carro que me ultrapassa e que acompanho com o olhar. De vez em quando sinto ao meu lado a presença branca, elegante e silenciosa de um dos meus companheiros de viagem. Olho para ele, mas o seu olho cercado de negro ignora-me altivamente, sereno, concentrado na rota. Acelera em seguida, juntando-se ao resto do bando, mais à frente. Sentindo-me abrandar, dou mais aos braços, sem ter no entanto a intenção de alcançar os cisnes. Vejo-os de longe, observo o seu voo regular e elegante, as suas silhuetas brancas, e sinto-me ridícula, quando noto que o meu braço esquerdo não tem tanta força como o direito e o meu corpo tem tendência a virar para a esquerda. Tenho portanto constantemente que emendar a minha rota, batendo com mais força o braço esquerdo ou dando impulso com as pernas, ajeitando o pedaço de cartão que se arrisca a escorregar. Preciso também de evitar os fios de alta tensão que atravessam a auto-estrada, passo por cima, ou por baixo, vejo os cisnes lá à frente, a fazer o mesmo. Regularmente, um ou outro abranda para me acompanhar um bocado, sinto alguma cumplicidade, não hesito a dirigir-lhe um olhar, embora saiba que ele não vai deixar de me ignorar. Desfruto a velocidade, o vento na cara, esta sensação de planar.
Chego a Lisboa, encontro-me na Estrada da Luz, com o meu precioso pedaço de cartão debaixo do braço. Quando vou ter com a minha mãe, passo por um jovem, que finjo ignorar sem deixar de o observar pelo canto do olho, e que olha para mim com ar igualmente indiferente. A minha mãe pergunta-me como é que vim para Lisboa. «A voar» respondo eu. Ele tem óculos e parece ligeiramente mais novo que eu (não o reconheci, e não sei dizer a idade dele, fisicamente parecia jovem, mas havia uma certa dureza ou maturidade na sua atitude). A minha mãe obviamente não acredita no que lhe digo, decido portanto fazer uma demonstração. Enquanto tento voltar a voar (sabendo perfeitamente que não vou conseguir) vejo que ele meteu conversa com a minha mãe. Desisto e vou ter com eles ligeiramente frustrada por não conseguir voltar a voar. Ele abraça-me, sério, explicando-me que às vezes também lhe acontece destas coisas e que me compreende, e a partir daí não me lembro mais.
That was my dream. Há imenso tempo que não fazia um sonho destes, com experiências e sensações novas (nunca tinha voado antes); com princípio, meio e fim. Fiquei no entanto com curiosidade sobre o seu significado, sobre a simbologia que podem ter os cisnes. Na net há várias versões, cada uma menos credível que a outra... Se alguém tiver alguma ideia, não hesite em dizer-me qualquer coisa. O meu irmão já teve a ideia da gripe das aves e da importância das rotas migratórias... mas duvido que tenha alguma coisa a ver... e daí... tatãããã... =P
sexta-feira, novembro 11, 2005
Vos études c'est de la blague
«[...]- Monsieur Brul, dit Wolf en martelant ses mots, écoutez ce que je vais vous répondre. Écoutez bien. Vos études c’est de la blague. C’est ce qu’il y a de plus facile au monde. On essaye de faire croire aux gens, depuis des générations, qu’un ingénieur, qu’un savant, c’est un homme d’élite. Eh bien, je rigole ; et personne ne s’y trompe, sauf les prétendus hommes d’élite eux-mêmes. Monsieur Brul, c’est plus difficile d’apprendre la boxe que les Mathématiques. Sinon, il y aurait plus de classes de boxeurs que de classes de calcul dans les écoles. C’est plus difficile de devenir un bon nageur que de savoir écrire en français. Sinon il y aurait plus de maîtres baigneurs que de professeurs de français. Tout le monde peut être bachelier, monsieur Brul… et d’ailleurs, il y a beaucoup de bacheliers ; mais comptez le nombre de ceux qui sont capables de prendre part à des épreuves de décathlon. Monsieur Brul, je hais mes études, parce qu’il y a trop d’imbéciles qui savent lire : et ces imbéciles ne s’y trompent pas, qui s’arrachent les journaux sportifs et glorifient les gens du stade. Et mieux vaudrait apprendre à faire l’amour correctement que de s’abrutir sur un livre d’histoire.
Monsieur Brul leva une main timide.
- Ce n’est pas moi qui dois vous questionner là-dessus, dit-il. Ne sortez pas du sujet, encore une fois.
- L’amour est une activité physique aussi négligée que les autres, dit Wolf.
- Possible, répondit Monsieur Brul, mais on lui consacre en général un chapitre spécial.
- Bon, dit Wolf, n’en parlons plus. Vous savez maintenant ce que j’en pense, de vos études. De votre gâtisme. De votre propagande. De vos livres. De vos classes puantes et de vos cancres masturbés. De vos cabinets pleins de merde et de vos chahuteurs sournois, de vos normaliens verdâtres et lunettards, de vos polytechniciens poseurs, de vos centraux confits dans la bourgeoisie, de vos médecins voleurs et de vos juges véreux… bon sang… parlez-moi d’un bon match de boxe… c’est truqué, aussi, mais au moins ça soulage.»
quinta-feira, novembro 10, 2005
Pobreza
In Resumo Relatório do Desenvolvimento humano 2005
Um quinto da humanidade vive em países onde muitas pessoas nem pensam antes de gastar 2 dólares por dia num cappuccino. Outro quinto da humanidade sobrevive com menos de 1 dólar por dia e vive em países onde as crianças morrem por falta de uma simples rede mosquiteira.
In Resumo Relatório do Desenvolvimento humano 2005
No seu conjunto, os países ricos gastam actualmente 0,25% do seu rendimento nacional bruto (RNB) em ajuda.
In Resumo Relatório do Desenvolvimento humano 2005»
http://www.undp.org/
Resumo do Relatório em português
Rapport en français:
http://hdr.undp.org/reports/global/2005/francais/
sexta-feira, novembro 04, 2005
Buenos Aires
Nasceu em 1942 em Buenos Aires (precisamente!!), israelita, é um pianista e maestro conceituado: dirigiu a orquestra de Paris de 1975 a 1989, é "director musical" (não sei exactamente o que isto é mas parece um cargo muito importante) da Orquestra sinfónica de Chicago desde 1991 e director geral da música na Ópera de Berlim desde 1992. Bem, mas não é exactamente isto que o torna importante para mim, já parece que um dia abri o Petit Larousse ao calhas e levei um coup de foudre ao ler a biografia dele. OK, já me estou a baralhar toda, vou começar pelo princípio, isto é mais para saberem que não é um músico qualquer.
Neste verão, no decorrer do mês de Agosto, é que ouvi o nome dele pela primeira vez. Foi quando dirigiu uma orquestra de jovens músicos num concerto em Ramallah (vi-o na TV). A orquestra era constituída por jovens de Espanha e do Médio Oriente (Israel e países Árabes) e actuava pela primeira vez naquela zona problemática do conflito israelo-palestiniano. Tocaram uma sinfonia de Mozart (com um diálogo entre um oboé e um clarinete, um era Israelita, o outro egípcio) seguida da Quinta Sinfonia de Beethoven tocada de forma a cortar a respiração a qualquer um (neste caso a um público de 1000 pessoas, a minha family e eu, mais o pessoal que viu o concerto num ecrã gigante na rua e os outros telespectadores da Arte), era impressionante ver todos aqueles músicos de nacionalidades e religiões tão diferentes e até por vezes (hum hum... demasiadas vezes) conflituosas, a suar todos juntos, praticamente "possessos" pela música, por Beethoven, e, quem sabe?, pelo próprio Barenboim que deu para ver (não sou especialista na matéria mas nunca vi dirigir uma orquestra daquela maneira), TEM de ser um dos maiores maestros do mundo. Parecia que deixava de ser humano, era como se estivesse enfeitiçado, transformado por um momento num... sei lá, em algo mais que humano, mas mais acessível que um Deus. Enfim, deveras paralisante. Aliás bastava olhar para o público, constituído fundamentalmente por palestinianos, homens, mulheres (com ou sem véus, de todas as formas e feitios), crianças, velhos e adolescentes, a sala estava a abarrotar (parece que meia hora antes do espectáculo já não havia lugar nem nos degraus). Ao princípio sentia-se uma certa tensão... ou apreensão? relacionada com o clima político (nãããão!!!! a sério??!), mas depois dava para ver evoluir os olhares, passavam de curiosos e pensativos, alguns divertidos, a simplesmente fascinados, totalmente rendidos à magia de Beethoven e Barenboim. Aliás no fim da 5ª sinfonia houve palmas com toda a gente de pé, durante pelo menos 5 minutos, após os quais a orquestra tocou ainda Nimrod das “Enigma Variations” de Elgar. Depois houve ainda os discursos sobre... bem, os blablas do costume, o facto é que também só dava para falar de paz, e também os agradecimentos ao governo espanhol, que forneceu passaportes de diplomata para os músicos poderem penetrar em Ramallah.
Depois de ver esse concerto pus a mesa para o jantar, e a vida continuou, o resto das férias decorreram, fiquei com curiosidade sobre o senhor mas depois tive outras preocupações e acabei por esquecer o episódio. Voltou-me à memória quando li a palavra "Buenos Aires" no perfil do "bacano" há dois dias atrás. (É verdade que em Agosto estranhei quando soube que ele tinha nascido lá sendo israelita... mas visto que nasceu em 1942... mais valia com efeito estar do lado de lá do Atlântico.) E voltou a curiosidade. Fiz uma pesquisa rápida na net sobre a orquestra e sobre o concerto em Ramallah.
A orquestra chama-se West-Eastern Divan Orchestra, e foi fundada por Daniel Barenboim (quero que decorem este nome :-P ) e o seu amigo Edward Said (intelectual palestiniano que morreu em 2003 aos 63 anos de leucemia e cujo retrato estava na parede do auditório e em cartazes na assistência) em 1999 com o intuito de fomentar o contacto e a reconciliação entre israelitas e árabes. Reúne cerca de 50 (vi 70 num site, 40 noutro) jovens entre os 13 e os 26 anos de Israel, Palestina, Síria, Jordânia, Líbano, Tunísia, Egipto e Espanha que leva todos os anos em tournée em diversas zonas do mundo. Este ano passaram por Espanha, Brasil, Argentina, Reino Unido e Alemanha, antes de actuar em Ramallah. Aqui era a primeira vez que actuavam, nunca tinham podido por razões de segurança. Este concerto foi portanto a realização de uma parte importante do sonho de Barenboim e Said quando fundaram a orquestra: actuar em todos os países de onde são originários os músicos. Nos sites encontrei também umas citações interessantes, que revelam que Barenboim não só deve ser um dos maiores maestros de todos os tempos, tem uma personalidade e um carisma de que muitos dos "grandes deste mundo" precisavam:
comentários de alguns músicos israelitas que põem os pés em Ramallah pela 1ª vez (sublinhados meus):
[antes do espectáculo em Ramallah]
«I think most of the people are going only because of their desire to please the maestro. (...) I admit I said yes because I didn't want to disappoint him. I'm not going happily – except for the happiness I will have playing with Barenboim.»
«It can cause a change, and this is a historic moment»
«(...) the fact that I am not entering with a stick that can shoot, but with a stick that makes music – that is important.»
«(...)music is something not political, and the project could have been made a lot less political and a lot more musical and human: looking at the people there as equals»
[depois do espectáculo]
«(...) I wouldn't have forgiven myself if I hadn't gone. During the intermission, I spoke with one of the Palestinian guards and asked him if he was happy we came. 'You can't imagine how happy I am', he replied, and it simply gave me goosebumps. 'And you?' he asked. I told him I was in a state of ecstasy.»
Barenboim:
«It has been said of us that we are an orchestra of peace; that may be a compliment, but this concert will not bring peace, we all know that.
Understanding, tolerance, courage and the curiosity to listen to the narrative of the other – that is our goal.»
«It is our belief that the destinies of these two peoples, Israel and Palestine, are inextricably linked... either we all kill each other or we share what there is to share. It is this message that we have come here to bring.»
Barenboim Edward Said
(infos e citações tiradas de: http://pamolson.org/ArtIsrRamallah.htm; http://www.guardian.co.uk/israel/Story/0,2763,1553956,00.html;
http://www.arte-tv.com/fr/art-musique/un-ete-de-festivals/948334.html)
quinta-feira, outubro 27, 2005
escada em caracol
Título da obra: Descida para... o que quiserem: a cave dos vinhos, o Inferno, uma nova dimensão, o centro da terra... fica em aberto.
PS: Cliquem na imagem para a ver no tamanho verdadeiro, fica melhor.
terça-feira, outubro 25, 2005
Nevoeiro e escuridão
Tenho andado a fazer espeleologia dentro de mim. Isto pode parecer delirante, mas a sério, estou perfeitamente lúcida :P. Só que o problem é que fiquei lá em baixo. Mas estou quase a sair. Foi por isso que não tenho escrito nada de jeito neste blog, normalmente era para escrever sobre experiências interessantes, ou a minha opinião sobre aquilo que vejo, mas como tenho estado "nas profundezas" não tenho prestado muita atenção ao que se passa à minha volta. Lá em baixo tudo é mais escuro... desconhecido, sentimentos que costumamos ignorar, (ou evitar?) e que fazem "estragos"quando vêm ao de cima... ou os sentimentos é que são escuros? A escuridão é muito relativa. Mas os sentimentos não deixam de ser escuros. Bem, não me peçam para ser coerente, descobri que é das coisas mais difíceis. Por outro lado acho que prefiro forçálos a ficar lá em baixo e ser eu a descer do que serem eles a aparecer. Assim fico a conhecêlos melhor e dá para os controlar melhor se por acaso um dia me descuidar e lhes der vontade de espreitar ca pra cima. De certa forma isto também é uma experiência... não que seja agradável (também não é voluntária, não sou sado-masoquista), mas não deixa de ser interessante. Hoge o nevoeiro soube-me bem... Deu-me vontade de subir mais depressa, ha montes de coisas para apreciar cá em cima.
PS: Não sei exactamente quem é que vai ler isto, mas para o caso de passar pela cabeça a alguém, agradeço que não venham falar comigo no assunto
quinta-feira, outubro 20, 2005
reflexão no metro
Cais: lugar que, à beira de um rio ou porto, serve para embarque e desembarque de pessoas [e mercadorias] [definição fornecida pelo dicionário Universal da Texto Editora]
Cais: projecto social que, à beira da condição de sem-abrigo ou exclusão social, serve para o melhoramento condições de vida e para dar oportunidade a homens e mulheres de dar novos passos na concretização do seu projecto de vida. [mesma definição, adaptada]
(ok, não tem nada a ver com a do dicionário, mas apreciem a metáfora)
Cais: local de partida, de renovo, começo de uma nova vida... ou simplesmente de algo a que se pode chamar vida... partida para novos horizontes, novas esperanças. Local em que se espera, sozinho, numa manhã fria de Inverno (com o nariz vermelho, encharcado, enfiado no cachecol) pela chegada de um comboio, aquecido nem que seja simplesmente por calor humano, em que nos sentamos entre iguais. O comboio sendo suficientemente grande para nos sentarmos todos. E todos teremos um dia lugar à janela. Nem que seja para ver desfilar a escuridão do Túnel.
terça-feira, outubro 18, 2005
poema à André Breton
Sim, eu kero. Tudo à minha volta deixa-me a sonhar.
Não sou maduro, mas o sol é amarelo e por isso
Ando pelas pedras graníticas lapiadas pelo
Xô Augusto. O Hospital é já ali. Não vás.
“Deita a língua de fora e solta os cornos”
A mala balança como quem ri durante
O momento em que a bala penetra entre a 3ª
Costela e a mesa de plástico da “Aki”.
Os olhos ardem diz ela. Ai, rapaz,
Dá-me o pau. Tas de vermelho.
Eu sou fofo. Ele é médico. Saiu
De manhã e levou o xapéu do
Marido que era polícia e foi
Assim que tudo começou
sexta-feira, outubro 07, 2005
Espirro
tirado de: http://www.clairebretecher.com/
[Espero que a senhora não me faça um processo...]
Photos I
Ça c'est la pinède avec la lumière du coucher de soleil, avant d'arriver à la plage.
Des vélos sur la dune, au bord du chemin qui longe la plage. Au fond on voit un cerf-volant, et l'horizon, que je n'ai quasiment jamais réussi à photograpier horizontalement.
Enfin, la plage, avec la mer incroyablement calme. Comme pour nous laisser admirer le coucher de soleil en silence.
Le chemin qui descend de la dune vers la plage. (en fait cette photo devrait être juste avant, mais bon).
Le soleil, enfin, sur le vagues.
Photos II
Les gens sur la plage, je n'étais pas la seule à venir exprès pour ça. Et mon ombre sur le sable. (That's me!!)
Les galets au bord de l'eau. On les voit mieux à cette heure-là, avec la lumière rasante.
Quelqu'un dans l'immensité... C'est encore un de ces moments où on se sent tout petit.
Mes traces de pas sur le sable mouillé.
domingo, outubro 02, 2005
Link e nascer do Sol
Mudando de assunto. Comecei as aulas Segunda-Feira passada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. O único inconveniente: é na margem Sul. Deu-me no entanto a possibilidade de ver nascer o sol por cima do Tejo. Sair de casa às 6h30, ir de autocarro até Sete Rios, apesar do contraste entre aquilo que se passa na minha cabeça (ainda a sair do sonho que fiz nessa noite) e a actividade que já há nas ruas, nos cafés, nas lojas... etc., esperar sentada no cais da estação, vendo passar os segundos e minutos no relógio, observando as pessoas até à chegada do comboio. Quando entro e me sento num lugar à janela, o fecho das portas é o sinal do início do espectáculo. Ver passar as casas, os carros, os rostos da cidade a despertar; depois da estação de Campolide é a vez das colinas, do Casal Ventoso, segundos depois já se vê o rio e a ponte em direcção à qual me dirijo. Por fim sobrevoando a gare marítima de Lisboa com barcos e gruas, o Tejo, e por fim o clarão vermelho do nascer do sol.
quinta-feira, setembro 22, 2005
Semana Europeia da Mobilidade II
Outra medida simpática foi a de se poder circular de transportes públicos com a bicicleta gratuitamente... Só é pena ser numa cidade em que, para além de um ou outro turista suicida, ninguém no seu perfeito juizo passeia de bicicleta, a não ser em percursos pré-traçados. Se bem que... diria que pelo menos 0,00000000000481% dos Lisboetas deste distrito circulam de bicicleta no dia-a-dia, para ir e voltar do trabalho. Era um dos meus sonhos de criança, poder ir para a escola de bicicleta... penso que vai ficar com o mesmo estatuto que as distribuições do Pai Natal.
Enfim, pelo menos durante esta semana todos podemos levar a Bicla a passear... que querido.
ok, pronto, já vi que repeti "bicicleta" 4 vezes, podem substituir duas delas por "velocípede de duas rodas iguais".
terça-feira, setembro 20, 2005
Semana Europeia da Mobilidade I
«A Semana Europeia da Mobilidade é um evento promovido a nível europeu, que decorre entre 16 e 22 de Setembro. No último dia comemora-se o Dia Europeu sem Carros.
(...)
Este ano, o evento será subordinado ao tema “Ir e Vir, de Outro Modo”, que tem como principal objectivo incentivar os cidadãos a utilizarem meios alternativos de transporte.»
tirado do site: http://www.portaldocidadao.pt
/PORTAL/pt/noticias/NEWS_semana+europeia+da+mobilidade.htm
Esta tarde vi no autocarro um anúncio dessa coisa... pois, a participação por parte dos cidadãos deve ter sido tão activa... que nem dei por essa semana. Bem, não é verdade, ouvi num noticiário duma rádio, que já não sei qual é, um presidente de não me lembro que câmara a dizer que sim senhora, gostava muito de andar de metro mas que "não é transporte para um presidente da câmara" (já não me lembro das palavras exactas mas soava mais ou menos assim). Penso que exemplos destes justificam a elevada taxa de participação no evento.
A propósito do blog precedente, costumamos culpar os "grandes" e os "poderosos" por não fazerem nada por um mundo melhor... mas neste caso é um evento cívico, uma oportunidade para todos darmos o nosso contributo no sentido de diminuir a poluição na cidade, e pelos vistos todos participamos activamente.
É em alturas destas que me dou conta que acreditar num mundo melhor é como acreditar no Pai Natal: apesar de se saber que é impossível o gajo distribuir presentes às crianças do mundo inteiro passando pelas chaminés, voando num trenó puxado por renas, a imagem é bonita... é fixe acreditar. Eu acho que continuo na minha: um mundo melhor É possível. Ya. Ok. ... SIM! (isto não é orgásmico) É POSSÍVEL! É SIM SENHORA!... é, é! ... é pois! ... ... ... eu sei que é... ... ... ... a sério... ... ... ... ... ... [silêncio dramático]
Bob Dylan... por ser Bob Dylan
How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes, 'n' how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.
De Bob Dylan. Música escrita em 1962 contra a guerra no Vietname e ainda actual (infelizmente). Bem... eterna (há malta que ja devia ter aberto os olhos há mais de 30 anos). No Comments.
http://bobdylan.com/index.html
http://www.unicaen.fr/musa/bob_dylan/blowin.htm
Eu sei que é demasiado fácil copiar músicas quando não se tem mais nada para dizer... mas Dylan... é Dylan.
sexta-feira, setembro 09, 2005
Pablo Neruda: La Solitude Lumineuse
Je lis en ce moment un livre de Pablo Neruda, La Solitude Lumineuse (éditions Folio). Avec à peine une centaine de pages, il me prend plus d'une semaine à lire, tellement il est dense. Il s'agit de nombreux épisodes d'un long séjour en Orient, dans les colonies Anglaises, la description d'une expérience de "solitude lumineuse": «Entre les Anglais, tous les soirs en smoking, et les Hindous inaccessibles en leur fabuleuse immensité, je ne pouvais choisir que a solitude; c'est pourquoi cette époque a été la plus solitaire de ma vie. Mais je la revois aussi comme la plus lumineuse (...)»
J'ai transcrit quelques-uns des extraits que j'ai le plus aimé, non seulement pour la beauté de l'épisode, mais aussi pour les descriptions, et la poésie du langage.
Le temple
«Quand nous entrons dans le temple nous ne voyons rien dans la pénombre. Une forte odeur d'encens et là-bas quelque chose qui remue. C'est un serpent qui s'étire. Peu à peu nous constatons qu'il y en a d'autres. Puis nous observons qu'ils sont peut-être des douzaines. Plus tard nous comprenons qu'il y en a des centaines ou des milliers. Les uns sont petits, enroulés autour des candélabres; d'autres, noirs, métalliques et minces. Tous semblent dormir, repus. Et, en effet, partout on voit de fins récipients de porcelaine, quelques-uns débordants de lait, d'autres garnis d'oeufs. Les serpents ne nous regardent pas. Nous les frôlons en passant dans l'étroit labyrinthe du temple, ils dominent nos têtes, suspendus à l'architecture dorée, ils dominent dans la maçonnerie, ils se lovent sur les autels. (...) Des serpents verts, gris, bleus ou noirs remplissent la salle. Tout est silencieux. De temps en temps, un bonze en robe safran traverse l'ombre. La couleur brillante de sa tunique le fait ressembler lui aussi à un serpent au glissement paresseux, à la recherche d'un oeuf ou d'une écuelle de lait.
A-t-on apporté jusqu'ici ces reptiles? Comment se sont-ils adaptés? On répond à nos questions avec un sourire, en nous disant qu'ils sont venus seuls et repartiront seuls quand ils en auront envie.»
L'opium
«... Il y avait des rues entières consacrées à l'opium... Les fumeurs s'allongeaient sur des estrades basses... C'étaient les véritables centres religieux de l'Inde... Ils n'offraient aucun luxe, ni tapisseries ni coussins de soie... Tout n'y était que planches brutes, sans même un revêtement de peinture, pipes de bambou et oreiller de faïence chinoise... Il y flottait un air de dignité et d'austérité qui n'existait pas dans les temples... Les hommes assoupis ne faisaient ni mouvements ni bruit... Je fumai une première pipe... Rien... Rien qu'une fumée caligineuse, tiède et laiteuse... Je fumai quatre pipes et je fus cinq jours malade: des nausées montaient de mon épine dorsale et descendaient de mon cerveau... Avec une haine du soleil, une haine de vivre... Le châtiment de l'opium... Pourtant, l'opium ne pouvait pas n'être que cela... On en parlait tant, on avait tellement écrit à son sujet, on avait tellement fouillé mallettes et valises dans les douanes pour essayer de saisir le poison, le célèbre poison sacré... Il me fallait vaincre ma répugnance... Je devais apprendre l'opium, connaître l'opium, pour apporter mon témoignage... Je fumai de nombreuses pipes, jusqu'au moment où je sus...»
Ceylan
«Pas à pas je découvris l'île. Une nuit je traversai tous les faubourgs obscurs de Colombo pour assister à un dîner mondain. D'une maison dans l'ombre s'élevait la voix d'un enfant ou d'une femme qui chantait. Je fis arrêter mon rickshaw. Arrivé à deux pas de l'humble seuil je fus surpris par une odeur qui est celle, caractéristique de Ceylan: un mélange de jasmin, de sueur, d'huile de noix de coco, de frangipanier et de magnolia. Des visages sombres, qui se confondaient avec la couleur et l'odeur de la nuit, m'invitèrent à entrer. Je m'assis en silence sur une natte, tandis que persistait dans l'obscurité la mystérieuse voix humaine qui m'avait incité à m'arrêter, voix d'enfant ou de femme, tremblante et sanglotante, qui montait jusqu'à l'indicible, s'interrompait soudain, descendait pour devenir aussi obscure que les ténèbres, s'associait au parfum des frangipaniers, s'enroulait en arabesques et retombait brusquement de tout son poids cristallin, comme si le plus haut des jets d'eau avait touché le ciel pour se laisser choir ensuite parmi les jasmins.»
Imagens de Paris
Esta foto é um fragmento dum quadro de Renoir que vi no Musée d'Orsay, Não me recordo o nome, mas fiquei "flashada" pela expressividade deste gato... Transmite uma sensação de conforto e felicidade que me faz sorrir...
Esta é a vista que tinha do apartamento em que estavamos instalados... Estes telhados e chaminés no fim de tarde lembram-me certos desanhos animados da Walt-Disney como "Os Aristogatos", "101 Dálmatas"...
terça-feira, setembro 06, 2005
primeiro texto... tipo introdução, ou assim:
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