Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!

sábado, dezembro 10, 2005

despertador adiantado e sabedoria chinesa

Hoje o Tejo estava azulazulazulazul. Mesmo azul. Se eu não estivesse de casaco (o eterno casaco cinzento que é "tão meu", segundo S.) e a sentir a cara gelada e vermelha do frio, ainda teria pensado que estamos no final do ano lectivo, só de ver aquele azul do Tejo e o branco reluzente do Mosteiro de São Vicente (ok, mais um dia em que me devia pôr a escrever poesia). Gosto dos Sábados de manhã em Lisboa. Embora me custe levantar da cama.
Ainda por cima hoje o despertador estava adiantado de uma hora e cheguei afogueada à Academia, a pensar que estava atrasada de 10 minutos, enquanto na realidade ainda faltava hora e meia para o ensaio começar. O Marco (o tipo da recepção) ficou a olhar para mim com os olhos muito abertos («ensaio? qual ensaio?... com a orquestra? a esta hora?! pensava que era só às 10...») e o pessoal que foi chegando, com admiração («já tás cá? já afinaste? mas o ensaio é só às 10h30...»), o maestro («olhá minha flautinha que já chegou!»), etc... Fui tomar o pequeno-almoço, visto que tinha saído de casa a correr da cama para o eléctrico («é uma torrada e um galão se faz favor»). No café fiquei a ouvir uma cliente comentar o jogo de ontem com o barman («o Sporting a perder contra o Estrela da Amadora... o meu Manel ficou pior que estragado»). E por fim decidi ir à Bertrã do Chiado passear entre livros.
Adoro passar os olhos pelas prateleiras e ler os títulos sem tentar perceber o significado... ficam palavras e frases, nomes e citações a ressoar-me nos ouvidos, a abstrair-me dos clientes que me rodeiam, e do espírito comercial natalício que tem tendência, nesta altura do ano, a velar a sensação de estar ali, no meio das palavras escritas. Vi um livro lindíssimo sobre Budismo (já sei o que vou pedir no Natal do ano que vem =P) e dois que acabei por comprar: Escrava de Mende Nazer, Damien Lewis, e a sabedoria chinesa de Ana Cristina Alves. O primeiro porque é uma história verídica, passada na África contemporânea; e o segundo por a autora ser portuguesa licenciada em Filosofia e doutorada em Cultura Chinesa. Mas também pelo que tinha escrito na contra-capa:

«Grandes pérolas do pensamento oriental

"Quem se põe em bicos dos pés não se equilibra.
Quem dá grandes passadas não avança.
Quem se exibe não brilha.
Quem se afirma não sobressai.
Quem se engrandece não tem mérito.
Quem se vangloria não será chefe."

"Quem conhece os outros é inteligente,
Quem se conhece a si mesmo é iluminado.
Quem vence os outros tem força,
Quem se vence a si próprio sabe ser forte.
Quem se contenta é rico,
Quem age tem vontade.
Quem não perde o seu lugar perdura,
Quem morre sem perecer alcança a longevidade."»

Espero vir a ter tempo de o ler um dia destes, estou cheia de curiosidade. Este é o tipo de livro com o qual gosto de fazer aquele jogo: vou abri-lo numa página ao calhas: p.62 (não, não é 69, seus perversos!!! =P)

«Confúcio

(Analects of Confucius, «Gongye Zhang», V-1) [isto tem sempre o original em chinês antes do português, também é uma das coisas que me agradaram neste livro]

Confúcio, em conversa sobre Gongye Zhang, afirmou:
- Dei-lhe a minha filha em casamento, visto que ele já esteve na prisão sem ter cometido qualquer crime.
E foi por isso que lhe entregou a filha.»


p.180:

«Laozi

(O Clássico da Via e da Virtude, 63)

Pratica o não agir,
trata dos assuntos pelo não tratar,
saboreia pelo sem-sabor.

Engrandece o pequeno
e multiplica-o.»

Acho que vou entregar este do "trata dos assuntos pelo não tratar" à prof de IQV, em vez do questionário da aula prática. É um dos assuntos dos quais tenho que tratar neste fim-de-semana.

Ainda tenho que investigar sobre estes quatro senhores: Confúcio, Laozi, Mâncio e Zhuangzi. Não percam o próximo post. =P

"Engrandece o pequeno e multiplica-o"... "Engrandece o pequeno e multiplica-o"... "Engrandece o pequeno e multiplica-o"... Como ver o Tejo de relance, desde o eléctrico. Tão azul.

2 comentários:

Mitch Bacano disse...

Apesar de algumas coisas serem bem giras nessas filosofias orientais, eu tenho muitas reticências em relação a essa nova onda em que os pensamentos orientais estão na moda.
Assim o New Age, que é uma colecção de sistemas de ensino metafísicos de influência oriental inventado a partir de um livro de Alice Bailey nos anos 20, diz que o retorno do Cristo chamada Era do Aquário acaba com a Era do Peixe (relativo ao Cristianismo) e vai trazer uma era de oro. Mas não é isso de que tenho receio (sendo ateu).
O New Age baseia se na mistura de cristianismo, de hinduísmo, budismo e outras “filosofias”, e assim vai misturar a reincarnação e vidas anteriores, existência de dimensões paralelas com poder de intuição, telepatia, terapias energéticas, geometria sagrada e outros como o conceito de deus interior. E vai ainda associar essas coisas todas com a existência de extraterrestres, dos guias da luz, dos anjos, dos milagres, das auras….
Quer dizer que temos uma salada de coisas esotéricas, théosoficas, ou ainda astrológicas completamente passada dos …. E isso faz me arrepiar! Porque é a partir dessa onda de pensamento que são criadas as seitas (ultra poderosas ainda por cima) dos Raëlianos, da Mediale Friedenskreis, e da Cientologia.
E por essas razoes todas de pobreza espiritual e filosófica, que provem de uma mentalidade consumista da parte das pessoas e que afecta também a religião entre outras muitas coisas, que me faz cada vez mais sentir que temos cada vez mais ter cuidado em que acreditamos porque isso pode ser rapidamente recuperado. Por isso antes de acreditarmos temos de criticar. Porque a critica é que é construtiva no sentido de pensamento mais justo.

Carolina/e disse...

thanks mitch... ainda n tive tempo de ler o dito livro, mas ainda estou a construir a minha própria visão do mundo, e não te preocupes, vou pensar nisso... obrigada pelo teu ponto de vista, inda não me tinha lembrado da religiosidade inata da mente humana... a propósito, como vai a tua exploração do mundo das pernas suecas???? =P
bjs***********

Arquivo do blogue