Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!

quarta-feira, novembro 30, 2005

Lágrimas

Tenho uma amiga na faculdade que anda sempre com lágrimas atrás. No outro dia estávamos na fila da cantina e diz-me ela: «pera aí, tenho de pôr as minhas lágrimas». E lá sacou de uns tubinhos de plástico com o tal líquido translúcido, quimicamente o mais parecido possível com aquele que vertemos pelas mais variadas razões. Ela tem de o pôr porque usa lentes de contacto e tem olhos "secos". Bem, mas isso não interessa, o facto é que a ideia de se poder comprar lágrimas na farmácia da esquina inspirou-me... porque não? Imaginei um puto a responder à tal pergunta do "o que queres ser quando fores grande?": «eu quero ser... vendedor de lágrimas». Quais seriam os pré-requisitos para essa profissão?

Seria necessário saber onde as arranjar, quais as ondas do mar que têm a salinidade mais compatível com os olhos humanos, quais as gotas da chuva que escorrem pelos vidros da janela do meu quarto ou pelo pára-brisas do autocarro que mais se parecem com lágrimas... quais as gotas de orvalho que formam os regos mais bonitos nas folhas dos plátanos...

Um vendedor de lágrimas teria antes de mais nada de saber exactamente quando estar presente... e estar lá sempre, imperativamente, se necessário. Porque as lágrimas são daquelas coisas que têm mesmo de estar disponíveis quando precisamos delas... imaginem o que seria ter aquele frio na barriga, os soluços, aquela fraqueza súbita e não poder chorar... ou também sentir aquele calor imenso no peito, a euforia a rebentar por todo o corpo, o aperto na garganta de tanta felicidade, e mais uma vez, de não a poder exprimir fisiologicamente (estou em biologia... há que usar os termos exactos para cada coisa =P). Por outro lado, há alturas em que era bom podermos escolher. Eu, por exemplo, detesto chorar em público, acho que todos (ou quase) temos uma certa relutância em mostrar fraqueza nalgumas circunstâncias; nesse momento chegaria o vendedor de lágrimas (ké frô? ké lágrima?) ao qual poderíamos responder discretamente "não obrigado... ainda não".

5 comentários:

Vicente de Melo disse...

Gostei. Muito mesmo =).Uma profissão bem intrigante, mas bonita lá no fundo. Convém é nâo comprar lágrimas aí numa feira qualquer de bugigangas, não nos va alguém impigir umas de crocodilo;lágrimas sem fonte,com um fim mas desprovidas de principio.

Mitch Bacano disse...

"Tenho uma lágrima no canto do olho, tenho uma lágrima no canto do olho..."
Bonga ao Poder

Anónimo disse...

Repare-se que o início nos suspende em algo intangínvel. o melhor sem dúvida que já passou por aqui. Obrigado.

Pena é a censura. Tenho tanta curiosidade de ver os comentários abafados com pezinhos de lã.

Anónimo disse...

Numa de pragmatismo ortográfico. intangínvel não existe. É do inverno e do frio por baixo do casaco cinzento.

Anónimo disse...

lindo mas olha eu até gosto de lagrimas...nao é só sinómimo tristeza e kuando o é, alivia bastante.

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