Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Natal


Filas. Mais filas. Semáforos no verde à frente dos quais não se avança.

É de noite, quero ir para casa, podre de cansaço depois de um dia de trabalho, e fico dentro de um carro sobreaquecido (no inverno é sempre a mesma coisa), parado... quer dizer IMÓVEL (aaaahhhhhrrrgg!!!), como o ponteiro das horas no meu relógio de pulso que por acaso responde ao meu relógio biológico: “são horas de jantar!!”; na Avenida da Liberdade. E tudo isto porquê? ... Je vous demande un peu...? Porque... [rewind]...

É de noite, quero ir para casa, podre de cansaço depois de um dia de trabalho, e... É NATAL!!!!! (sinos) O povo sai à rua para ver as iluminações!!!! Pois com certeza! Está na hora da peregrinação, antes do jantar, até à árvore de Natal mais alta (e mais foleira) da Europa!!!! Por isso, bora todos, de carro, para os engarrafamentos, ver as iluminações da Avenida da Liberdade (1ªentrada), dos Restauradores (2ª entrada), do Rossio (1º prato), da Baixa (2º prato) e, por fim, o melhor de tudo, a sobremesa, o... TERREIRO DO PASSOOO!!!! COM A ÁRVORE!! É neste preciso momento que todo bom português abranda (ou simplesmente pára), abre a janela, abre muito os olhos (uaaaauuu!!!), estica o pescoço para ver a estrela, saca do telemóvel, e tira um foto para recordar, até ao fim da sua existência, este monumento ao espírito natalício enquanto mega-estratégia de marketing. É triste.

imagem tirada do site
http://www.telecom.pt/InternetResource/PTSite/
PT/Canais/SobreaPT/noticiasPT/arvorenatalsapo.htm

terça-feira, novembro 28, 2006

diecinueve... emeretzi... neunzehn... ou terra do nunca

Hoje havia aula mas afinal não há e é por isso que estou aqui desde as 8h45, pa ter uma aula às 10h, que afinal não vai haver, levantei-me às 7h15 para só ter aula ao meio-dia. Boa. Mas como há males que vêm por bem, tive tempo para vir aqui dar uma volta... é assustador ver que há mais de um mês que não escrevo nada no blog... não vou dar a desculpa crassa do "tenho tido imenso trabalho e tal...", vou antes dizer a verdade: não me apeteceu. Só isso. Há coisas tão simples, na vida, não é? Não me apetece, não escrevo... mais vale isso do que escrever palha, como estou a fazer agora. Quer dizer, POR ACASO não vim aqui escrever palha. É que como hoje faço anos (muuuuuaaaahaaahaaahaahaahahahaahaaa!!!! Esta foi para todos os que se esqueceram de me dar os parabéns e que vão ler o blog nos próximos dias!!!=P) ocorreu-me algo... como dizer... uma daquelas ideias estúpidas (ou não) que só me ocorrem a mim (ou não). Devo dizer que me faz confusão fazer 19 anos (ou não. Ok, já chega). Não é que ache muito, o problem é que é uma idade com a qual não me identifico. Um dia houve um adulto (espera... EU também sou um adulto!!?!!) que me disse que há uma altura em que se estagna. Uma idade a partir da qual as seguintes já não fazem sentido. Ou pelo menos já não nos identificamos com elas. Eu estagnei aos 16 anos. Desde essa altura os meus aniversários passam-me um bocado ao lado. Antes eu estava ansiosa por fazer anos, era uma excitação ver a data de aniversario a aproximar-se. E não tarda, vou começar a fazer contas, como as pessoas crescidas (ora nasci em 87, portanto tenho… deixa cá ver… em que ano é que estamos? ninguém tem uma calculadora aí à mão?...). Aliás, penso que deveria haver uma cláusula no BI própria para esse efeito: idade de estagnação. A seguir ao local e data de nascimento.

quarta-feira, outubro 11, 2006

despertadores

Hoge de manhã ouvi 2 despertadores a descer a Rua dos Remédios.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Direito de voto das mulheres

«En la Antigüedad no se sabia como nacían las abejas. Los sábios, como Aristóteles, inventaron teorias disparatadas. Se decía, por ejemplo, que las abejas venían del vientre de los bueyes muertos. Y así durante siglos. Y todo esto, sabe por qué? Porque no eran capaces de ver que el rey era una reina. Como sustentar la libertad sobre una teoría semejante?»

Manuel Rivas, El lápiz del carpintero

quarta-feira, outubro 04, 2006

Não-ditos

Há não-ditos que pesam. Por vezes magoam. São eles que formam uma barreira entre duas pessoas. Acumulam-se com o tempo num muro de gelo, que, como um pé de silvas, se vai desenvolvendo, espalhando, engrossando, cada vez mais eriçado de mal-entendidos, qui-proquos, desilusões, rumores e preconceitos. Perante este obstáculo, é difícil não haver afastamento, a única alternativa à indiferença sendo o sofrimento. Ou então a coragem. Pegar no sabre e romper aquelas silvas, ignorando os picos. Foi o que fizeste. Uma cascata de água quente sobre o muro de gelo. Bastaram meia dúzia de frases para deitar aquilo abaixo, para desfazer os mal-entendidos, os rumores e (quase) todos os outros picos que me escondiam a tua imagem.
Claro que continuam a haver zonas de sombra. Mas se tudo fosse tão claro e vida perdia metade da piada… num quadro tem que haver sombras, nem que seja para dar mais valor à luz...
Seja como for... merci.

terça-feira, outubro 03, 2006

Outono

Ontem à noite vi vendedores de castanhas à chuva.

sexta-feira, setembro 29, 2006

"el eslabón perdido entre el mono y el hombre"

«En cierta forma, (...) el humano no es fruto de la perfección, sino de una enfermedad. El mutante del que procedemos tuvo que ponerse en pie por algún problema patológico. Se encontraba en clara inferioridad frente a sus predecesores cuadrúpedos. No hablemos ya de la pérdida del rabo y del pelo. Desde el punto de vista biológico, era una calamidad. Yo creo que la risa la invento el chimpancé la primera vez que se encontró en aquel escenario con el Homo erectus. Imaginaos. Un tipo erguido, sin rabo y medio pelado. Patético. Para morir de risa.
(...)
En las clínicas atendemos casos de mareo y vértigo que se producen cuando el humano se pone en pie de repente, vestigios del desarreglo funcional que supuso adaptarse a la verticalidad. Lo que sí tiene el humano es nostalgía de lo horizontal. En cuanto al rabo, digamos que es una rareza, una deficiencia biológica, que el hombre no lo tenga, o lo tenga digamos que cortado. Esa ausencia de rabo no debe de ser un factor despreciable para explicar el origen del lenguaje oral.
(...)
A ras de la tierra, el mutante erecto le devolvió la risotada al chimpancé. Reconoció el escarnio. Se sabía defectuoso, anormal. Y por eso también tenía el instinto de la muerte. Era a la vez animal y planta. Tenía y no tenía raíces. De ese transtorno, de esa rareza, surgió el gran ovillo. Una segunda naturaleza. Otra realidad. Eso que el doctor Nóvoa Santos llamaba la realidad intelligente.
»

Manuel Rivas, El lápiz del carpintero


NB - mudei o tamanho da letra porque considero que o texto que se segue pode ter duas leituras: o que está em grande é o que tem mais piada, mas lendo até ao fim é que se percebe que existe um raciocínio mais elaborado.

quinta-feira, setembro 28, 2006

monólogo no autocarro

… as pessoas é que não sabem falar… até parece que têm medo. Havia de ser comigo… atão os polícias podem bater-lhes até à morte, e a gente, com um par de chapadas, vai a tribunal. Era isto, que eu dizia ao juiz. Eu já chamei burro ao juiz. Eles lá dentro podem-lhes bater, mas é lá dentro, e ninguém vê, mas eles batem-lhes quase até à morte; e nós, basta um par de chapadas e vamos logo presos. Se uma pessoa agora não pode bater nos filhos… passava a vida lá, farto-me de dar porrada aos meus… agora as pessoas até parece que têm medo dos filhos… é uma pouca vergonha. Já no outro dia o meu, de trinta anos, disse-me: mãe, vou [nãomelembronde], e eu disse-lhe: então vai, tás à espera que eu te leve ao colo, não? Eu levo-te se queres ver… ou queres que dê um… um carrinho… de rodas?! Anda estica as perninhas, que já tens trinta anos… e o outro de dezassete… têm que aprender. Isto é assim, as pessoas parece que têm medo… medo de falar… eu cá não me calo, até já chamei burro ao juiz…

segunda-feira, setembro 25, 2006

gostei...

Ève avant nous avait compris
Que l'homme sans le Paradis
Vaut mieux qu'un Paradis sans hommes
Dieu me pardonne!

je l'ai entendu dans une musique chantée par Pauline Julien (il faut que j'aille voir se c'est d'elle)

Elfos... e shopping

Hoje de manhã no autocarro vi uma elfo. Daquelas com penteado impecável, acabado de sair do cabeleireiro, cara perfeita e maquilhada, fato azul-escuro, justo, passado a ferro. Sentou-se no banco de frente para mim. Via-se a palidez apesar da maquilhagem, passou a viagem a olhar pela janela com olhos cansados cercados por olheiras. Mas talvez seja normal, estava fora do seu habitat natural… eu quando estou lá também nunca me sinto à vontade. Aquela música de fundo, tanta roupa por onde escolher, uma luz demasiado forte, pessoas que não têm nada a ver comigo… ninguém parece pertencer àquilo, menos elas, as funcionárias, as elfos. Elas sim, pertencem àquele universo, em que todos os seres usam roupa nova, imaculada, sabem tudo, onde estão as coisas, se há, se não há. Eu devo dizer que tenho uma certa dificuldade em me orientar naquele mundo… há demasiada roupa, não consigo perceber a lógica da disposição dos artigos, aquela luz, aquele ambiente não me deixam ver claramente as cores, não me consigo imaginar com aquilo vestido; quando por fim encontro algo com que me identifico é preciso primeiro encontrar o tamanho adequado (sim, porque parece que sou pequena e tal, mas depois quando vou às compras tenho de ser das primeiras pessoas a ver a nova colecção, visto que os tamanhos mais pequenos são os que desaparecem primeiro), o preço – que em geral explica como é possível aquela peça de roupa estar ainda no mostrador; e os provadores: eu sou daquelas criaturas que costumam circular com toneladas de artigos ao colo, com os olhos perdidos no vazio, sem saber para onde ir, na esperança de encontrar uma elfo informadora “mesmo aqui à frente, está escrito ali na placa”. Quando entro há outra que me diz “só se pode experimentar 6 peças de cada vez no máximo”, experimento a roupa, contemplo ao espelho, desesperada, a minha pele branca que fica sempre ou amarelada, ou esverdeada, ou azulada consoante a iluminação da loja, e, depois de experimentar… escolho, máximo dos máximos, 2… ou 3 peças para levar. Quando chego a casa constato que não me aguento em pé, que andei 6horas no centro comercial (talvez esteja a exagerar… mas o facto é que costumo perder completamente a noção do tempo), sem comer, sem me sentar, para comprar um par de meias e 2 T-shearts ranhosas. C’est la vie…

quinta-feira, setembro 21, 2006

Experiência... fatal?

Estive a experimentar códigos para mudar o look do blog... acho que fiz porcaria, mas mudo isto tudo outra vez, logo que tiver tempo.

Hey!!!!

Wait, wait, wait...! Pára tudo... nãããããããããããooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Deixei passar o aniversário!

Meus senhores, minhas senhoras, caros leitores: o "Experiência(s)" fez, dia 6 do presente mês, 1 ano!!!! (aplausos)

Messieurs-Dames, mes très chers lecteurs: ce blog, "Experiência(s)" a pu fêter, le 6 de ce mois-ci, son 1er anniversaire!!!! (applaudissez-le bien fort)

Je suis allée voir mon premier post... tão kridooooo!!!!! Foi enternecedor ver a minha primeira tentativa de post... tão tosca... aiai... snif... é como ver o velho álbum de fotografias com os meus primeiros passos... como o tempo passa... enfim... é assim a vida...

http://istonaoenadafacil.blogspot.com/2005/09/primeiro-texto-tipo-introduo-ou-assim.html

Sreet Parade de Zürich...

... chovia a potes, por isso é que me lembrei de pôr este post hoje de manhã. Não fui eu que tirei as fotos... algumas acho que foi o Thomas, outras a minha mãe... Trata-se de um festival de techno em que o pessoal vai disfarçado... ou despido... enfim, vê-se de tudo.

Este é um "valaisan" que, ao que parece, costuma aparecer neste tipo de eventos: vai com chocalhos de vacas (aquelas que se costumam ver nos verdes campos de Suíça... roxas e com escrito MILKA nas manchas) e bandeirinhas do canton du Valais.



Estes são uma família, iam duas senhoras, um senhor e um puto, todos vestidos de preto, com perucas feitas de balões de todas as cores.



Aqui já se vê uma população mais techno, acho que era na Bahnhofstrasse mas já não tenho a certeza. Havia pessoas vestidas normalmente, e algumas de roupa interior, lingerie sexy (apesar da chuva!) , etc...


Muchos jóvenes, como se pode constatar... esta menina de côr-de rosa fez um belo sorriso ao Thomas =P

Pelnas, muitas pelnas. Havias meninas que punham colans, outras nem isso...


Estes são góticos, penso eu de que...


Pelucas... muitas pelucas... acho que foi nesta passadeira que a mãe viu passar um senhor nu... com uma pele de leopardo nas partes intimas (para não apanharem frio, visto que apesar de ser a meio do mês de Agosto chegou a chover como hoje de manhã em Lisboa).

terça-feira, setembro 19, 2006

Crash

A inovação do Crash é trazer para a praça pública uma exposição de veículos acidentados, uma realidade diária que suscita a curiosidade do grande público, alertando-o por um lado, para a prevenção rodoviária, e chocando-o, por outro, com a visão directa do resultado dos acidentes rodoviários.
http://www.cienciapt.net/congressosdesc.asp?id=5045

Foi ontem de manhã, quando passei de autocarro pela praça do comércio, a caminho da faculdade. Eram aí umas 11h (mais do que horas para estar o pessoal a trabalhar...) e estava uma multidão a ver a exposição. No autocarro toda a gente se virou, de olhos a brilhar, e a comentar "olha, é a exposição dos carros" "chiiii! olha práquele, todo desfeito!".
Será que "A Terra Vista do Céu" teve tanto sucesso? Não; tal como nos engarrafamentos na autoestrada quando há acidentes e toda a gente abranda para ver, aqui logo de manhãzinha, nem é preciso estar de carro nem nada. Todos temos o privilégio de nos aproximar, de ir rondar à volta dos carros desfeitos. Os acidentes agora são assumidamente espectáculo, uma exposição para curiosos, para o "badaud" que existe em cada um de nós. Ainda não fui ver (não sei se irei), portanto não sei como está feito, mas parece-me uma falta de consideração para os que estavam nesses mesmos carros... pensando melhor, até sou capaz de ir lá dar uma voltinha, talvez consiga encontrar rastros de sangue, ou pedaços de cérebro colados ao pára-brisas.

terça-feira, setembro 12, 2006

foto



Imagem retirada de www.olhares.com, intitulada "ouro".


Autor: Rui j Santos
Data: 2006-09-09 00:57

palavras que se ouvem... e que ficam II

"Há dois tipos de pessoas: as que consideram que merecem ser felizes, e as que, sempre que algo de maravilhoso lhes acontece, consideram que outros deveriam estar no seu lugar"

Não sei se se trata de merecer... penso que por aí todos merecemos... enfim, a frase ficou-me.

quinta-feira, setembro 07, 2006

palhinha

Realmente... foi ao ler outro blog que me dei conta de que não sou a única pessoa a quem isto acontece... porquê é que há alturas (nomeadamente quando se cria um blog) em que apetece escrever tudo e mais alguma coisa, e outras em que simplesmente se estagna? Antes tinha sempre momentos para contar, comentar... actualmente é o vazio sideral. Ou será que também se "cria" algo com a necessidade de actualizar o blog? Como agora... MEUS AMIGOS, ESTAIS NESTE MOMENTO A LER PURA PALHA.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Des mots qu'on entend... qui restent

"Plutôt que voir la bouteille à moitié vide, mieux vaut la voir à moitié pleine"
Qual um anjo que me arrebata,
Jovial, cândido;
Na noite púrpura
Esqueço
E apareço outra vez

Olho a noite (encantado!).
A lui solitária que me faz recordar o teu rosto
Enebriante!
Estranhos os pensamentos que se manifestam quando a lua me
escuta a alma...

Bruno Januário

terça-feira, agosto 01, 2006

Alphabet

L'homme avait pris dans son sac de plage un vieux canif à manche rouge et il avait commencé à graver les signes des lettres sur des galets bien plats. En même temps il parlait à Mondo de tout ce qu'il y a dans les lettres, de tout ce qu'on peut y voir quand on les regarde et qu'on les écoute. Il parlait de A qui est comme une grande mouche avec ses ailes repliées en arrière; de B qui est drôle, avec ses deux ventres, de C et D qui sont comme la lune, en croissant et à moitié pleine, et O qui est la lune toute entière dans le ciel noir. Le H est haut, c'est une échelle pour monter aux arbres et sur le tout des maisons; E et F, qui ressemblent à un râteau et à une pelle, et G, un gros homme assis dans un fauteuil; I danse sur la pointe de ses pieds, avec sa petite tête qui se détache à chaque bond, pendant que J se balance; mais K est cassé comme un vieillard, R marche à grandes enjambées comme un soldat, et Y est debout, les bras en l'air et crie: au secours! L est un arbre au bord de la rivière, M est une montagne; N est pour les noms, et les gens saluent de la main, P dort sur une patte et Q est assis sur sa queue; S, c'est toujours un serpent, Z toujours un éclair; T est beau, c'est comme la mat d'un bateau, U est comme un vase. V, W, ce sont des oiseaux, des vols d'oiseau; X est une croix pour se souvenir.

Mondo, J. M. G. Le Clézio

Le Clézio


Je lis, en ce moment, Mondo et autres histoires de J. M. G. Le Clézio. Je vais juste transcrire ce qui m'a attiré dans ce bouquin au moment où je l'ai acheté.

~ l'extrait transcrit au dos du livre:

«Personne n'aurait pu dire d'où venait Mondo. Il était arrivé un jour, par hasard, ici dans notre ville, sans qu'on s'en aperçoive, et puis on s'était habitué à lui. C'était un garçon d'une dizaine d'années, avec un visage tout rond et tranquille, et de beaux yeux noirs un peu obliques. Mais c'était surtout ses cheveux qu'on remarquait, des cheveux brun cendré qui changeaient de couleur selon la lumière, et qui paraissaient presque gris à la tombée de la nuit. [...] Quand il arrivait vers vous, il vous regardait bien en face, il souriait, et ses yeux étroits devenaient deux fentes brillantes. C'était sa façon de saluer. Quand il y avait quelqu'un qui lui plaisait, il l'arrêtait et lui demandait tout simplement: "Est-ce que vous voulez m'adopter?"»

~ les titres:

Mondo
Lullaby
La montagne du dieu vivant
La roue d'eau
Celui qui n'avait jamais vu la mer
Hazaran
Peuple du ciel
Les bergers

segunda-feira, julho 31, 2006

, (vírgula)

Como puderam constatar, decidi começar a incluir risos nos meus textos (pseudo) humorísticos. No entanto, não tenho visto séries americanas. Não sei, portanto, porquê essa nova ponta de subtileza. Por outro lado, também comecei a dar títulos de sinais de pontuação. Isso sei porquê. Pela simples razão de que… enfim. Chamemos-lhe falta de inspiração. Afinal, num blog, principalmente neste em que qualquer leitor tem consciência de que vai ler bacoradas, nada mais inútil do que um título.

! (ponto de exclamação)

Li há muuuuuuuuuuuito tempo, não me lembro quando, um artigo num jornal que também não me lembro qual era, que o blog se tinha tornado, nomeadamente nos EUA, um fenómeno arriscado, porque as pessoas, principalmente os jovens mas também os adultos têm a mania de fazer do blog deles um diário, ou journal intime, em que escrevem episódios da sua vida pessoal. Relatavam-se casos de pessoas despedidas por fazerem referência à sua vida na empresa, ou de jovens expulsos da escola ou suspensos por difamarem professores, etc, etc, etc. Para além disso também havia referência àquelas jovens deprimidas ou não que desabafam sobre a sua vida e tal e coiso, e realizei que EU ao fim e ao cabo também acabava por fazer isso mesmo com o presente blog. Hoje, acordei de manhã, como todas as manhãs em que acordo por esta altura do dia, e decidi assumir esse facto. Portanto, aqui vai.

Tenho neste momento uma protuberância na testa. Como quem diz, o meu verão começou em grande. Com efeito, a purulência (o corrector do Word diz que esta palavra não existe, mas eu vou supor que os meus estimados leitores a conhecem) latente tem uma dimensão considerável. Eu nunca tive acne (mais uma palavra que eu nunca soube pronunciar em português), estou portanto a assistir a um fenómeno inédito na minha vida. E digo latente porque ainda não apareceu a… digamos… borbulha no seu máximo esplendor. Quando tal acontecer, prometo fazer dela uma descrição detalhada. Não percam o próximo episódio. Estava eu a dizer que me está a aparecer uma… inquilina na testa. O problema é que este "aparecer" significa que está no estado em que parece um galo. Pois, quem olha par mim pensa que bati com a cabeça. Não que isso nunca acontecesse antes, dadas as minhas célebres figuras em frente de estranhos. (as minhas últimas vítimas foram os nossos novos vizinhos da frente… mas isto é um aspecto da minha vida pessoal que prefiro não abordar por enquanto)

Sinto, de cada vez que se olha para mim, os olhares a dirigirem-se, inexoravelmente, para este ponto crítico quase no meio da minha testa. Também sinto, constantemente, a minha nova companheira a crescer, a surgir lentamente das entranhas da epiderme da minha branca e pura fronte. Lembro-me de quando era pequena, e metia um feijão dentro de algodão húmido, e todas as manhãs ia de pijama até à cozinha ver o quanto ele tinha crescido nessa noite… que bonito. É a vida. Enfim… Deixem-me só limpar esta lágrima que tenho no canto do olho para poder continuar a escrever (HAHAHA! ESTA FOI BOA. MUITO BOA. MUITO BOA MESMO.).

Sonho durante a noite com isto, e todas as manhãs, quando acordo, vou-me ver ao espelho. De maneira que já me mentalizei sobre o que vou fazer na próxima semana. Escrever o meu primeiro best-seller: as aventuras de um unicórnio no Algarve.
(PFAAAAAAAAAAAAAAHHHAHAHAAHAHAAHAHA!!!!!)

domingo, julho 30, 2006

: (dois pontinhos)

porrada: sova de pau; pancadaria; (ant.) guisado em que entravam alhos porros

quarta-feira, julho 26, 2006

.(ponto)

Mar

I
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extensa e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua

II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas nelas só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro

Sophia de Mello Breyner Andresen

Texto encontrado na minha agenda escolar do ano passado; lembro-me de ter lido esta poesia no livro de texto, enquanto apanhava uma seca durante uma aula de português e decidi copiá-lo na agenda. Penso que só por isto a aula valeu a pena.

domingo, julho 23, 2006

Save the Lebanese Civilians


Foi no festival de teatro lycéen de la méditerranée (ok, juro que não volto a mencionar o teatro) que descobri que queria aprender árabe... quando nós, "les portugais", passámos as noites (não me lembro quantas) no mesmo corredor que os libaneses. Passámos literalmente a noite no corredor, visto que ninguém se queria deitar. Ou nos telhados do colégio interno, até ver nascer o sol... Depois foram as despedidas, os primeiros a ir embora foram os italianos, e depois sucederam-se as despedidas, daquelas em que toda a gente chora e jura, e promete que não esquece. Escrevem-se dedicatórias, partilham-se e-mails, etc, etc... sabendo perfeitamente que tudo aquilo não será mais que recordação. Seja como for, depois de quase dois anos sem notícias recebo este mail:


Please go to http://julywar.epetition.net and sign the Save the Lebanese Civilians Petition and forward this invitation to your friends.
Lebanese civilians have been under the constant attack of the state of Israel for several days. The State of Israel, in disregard to international law and the Geneva Convention, is launching a maritime and air siege targeting the entire population of the country. Innocent civilians are being collectively punished in Lebanon by the state of Israel in deliberate acts of terrorism as described in Article 33 of the Geneva Convention.
http://julywar.epetition.net

da MariJo. Ela tinha-nos escrito, uns tempos atrás a querer saber novidades, e eu quis responder, mas não tive tempo. E depois houve os ataques e senti-me estúpida. Desta vez respondo-lhe. De certeza.

sexta-feira, junho 30, 2006

Silêncios

Toca o telefone
Inês atende: estou?
Resposta do outro lado: … olá… sou eu. … tudo bem?
Ah olá! Sim, está tudo, e contigo?
Tudo fixe…
… ainda bem

… hum… tás-me a telefonar por alguma razão em especial?
… (risos sussurrados) …


… Pedro… ainda estás aí?
… (risos de novo sussurrados) … sim

E de novo aqueles silêncios.
Ela já se começara a habituar. Havia alturas em que ele simplesmente se calava. Ao princípio fazia-lhe impressão, e insistia, tentava fazê-lo falar (é incrível o absurdo de certas perguntas, nestas circunstâncias...). E depois habituou-se. E começou também a ficar calada. E ficavam ambos em silêncio, ao telefone, sem esperar nada, nem perguntas, nem respostas, nem novidades. Simplesmente a ouvir o silêncio, por vezes a respiração, um do outro.
Que estupidez.

sexta-feira, junho 02, 2006

nuvens em céu azul...

Fotos tiradas na viagem de comboio... daí os reflexos do vidro, mas por acaso até acho que fica giro...
ainda não me fartei da viagem =) pelo contrário


... águas livres...
o Tejo. O tipo que estava sentado à minha frente a ler o Destak, e o reflexo dos bancos =P

You're looking at me, aren't you?

Fotos tiradas antes de um espectáculo da erva:

... com aquela luz a lâmpada até parecia viva. (fica +fixe se se clicar na foto par ver grande...)


Cenário de Hostal =P... corredor da cave, no dia em que tivemos de adaptar o espectáculo a um espectador de cadeira de rodas.

"Tiene acero. Acero y plata de luna, al mismo tiempo."

Platero es pequeño, peludo, suave; tan blando por fuera, que se diría todo de algodón, que no lleva huesos. Sólo los espejos de azabache de sus ojos son duros cual dos escarabajos de cristal negro.
Lo dejo suelto, y se va al prado, y acaricia tibiamente con su hocico, rozándolas apenas, las florecillas rosas, celestes y gualdas… Lo llamo dulcemente: «Platero?», y viene a mí con un trotecillo alegre que parece que se ríe, en no sé qué cascabeleo ideal…
Come cuánto le doy. Le gustan las naranjas, mandarinas, las uvas moscateles, todas de ámbar, los higos morados, con su cristalina gotita de miel…
Es tierno y mimoso igual que un niño, que una niña…; pero fuerte y seco por dentro, como de piedra. Cuando paso sobre él, los domingos, por las últimas callejas del pueblo, los hombres del campo, vestidos de limpio y despaciosos, se quedan mirándolo:
— Tien’ asero…
Tiene acero. Acero y plata de luna, al mismo tiempo.


Platero y yo, Juan Ramón Jiménez

AAAAARRRRGGGGGHHHH!!!!!! Não dá para fazer pontos de interogação ao contrário... o texto perde logo metade do charme... sorry.

quinta-feira, maio 25, 2006

Carina

Pois, também estou com imenso trabalho… mas prefiro os problemas da faculdade, quando se pode fazer alguma coisa, quando depende de nós resolvê-los… além disso para mim é uma honra andar na faculdade, tenho imensa sorte em estar cá.

Eu antes do décimo-segundo nunca tinha posto a hipótese de vir para o ensino superior, os meus pais não tinham dinheiro para me pôr na faculdade e eu achava que as bolsas eram só para os melhores.

No décimo-segundo, quando os professores nos perguntavam qual era o curso que queríamos seguir, eu dizia que não ia para a universidade. Eles insistiram comigo, foram eles que me ajudaram a arranjar bolsa. Concorri, tive sorte.

Como eu nunca tinha posto a hipótese de ir para o ensino superior não fazia ideia de que curso escolher. Estava em Artes, por isso a minha escolha era um bocado limitada. Como adoro entrar em casas de antiguidades candidatei-me a Conservação e Restauro, aqui e em Tomar. Não pus mais nada no boletim de candidatura. Preferia entrar cá, porque em Tomar o curso é só bacharelato. Agora tenho bolsa, estudo cá, estou a viver na residência… acho mesmo que é uma honra. Tive imensa sorte.

Fauna universitária

Agora com o sol, calor, bom tempo (verão…?), etc, surgiu uma nova espécie de estudante, que não existia no resto do ano. Tive a oportunidade de a observar ontem, na fila da casa das folhas (onde fazemos fotocópias); a fila estava enorme, o que me deu tempo de sobra para meu estudo atento de certos espécimen que estavam à minha frente. (também houve tempo para eles repararem e eu fazer mais uma das minhas figuras tristes, mas essa história já é outra). Eram uns três ou quatro indivíduos de sexo masculino.

Aparência física:
Vestem geralmente t-shirts de cores claras (branco, amarelo, cor de laranja, verde claro…), não muito largas nem muito justas, uns calções até abaixo dos joelhos, esses sim, largos. O ideal é serem de banho, mas também podem ser de tecido normal, ganga, etc. Nos pés, ou chinelos de praia (de preferência), ou ténis fashion (daqueles Puma fininhos, por exemplo) também com cores berrantes (verde, amarelo, vermelho, azul forte…) ou então ténis de skate. Nunca se vê as meias. O cabelo tem de ter um corte “original”, geralmente uma crista (não a sei descrever… às vezes tem gel, outras vezes não…), ou então risca ao lado e madeixa na testa… cara lisa ou barba por fazer… Óculos escuros (bem grandes, tipo robocop) na cabeça, na cara se vão para o sol. Em geral são musculados, andam muito direitos, e com um bronze invejável. Dentes brancos, para um sorriso colgate perfeito.

Atitude:
Uma certa tendência para se sentirem (ou quererem ser) observados (neste caso… porque será? =P), os mais estilosos têm de levar qualquer coisa no ombro, seja uma camisola (as manhãs ainda são frias) seja uma toalha de praia (viva a FCT!!!). Aparecem na faculdade normalmente a partir do meio-dia e passam a tarde ao sol, refastelados na esplanada do 7, a jogar sueca e a beber médias, a rir muito, a dizer piadas muito alto (o importante não é terem piada mas parecer que se estão a divertir imenso) e a observar os indivíduos femininos da mesma espécie. É para isso que servem os óculos de sol. Tanto pó menino como pá menina. Por acaso estou a precisar de uns.

quinta-feira, abril 27, 2006

quinta-feira, abril 20, 2006

O meu actual despertador

Dans les nuages (Tryo)

Imagine un enfant en bas-âge
Qui se balladerai dans les nuages
Qu'est qui verrai de son ptit âge?
Quelle s'rai la forme de son voyage?
Yaurai sûrement de belles images
2-3 souvenirs qui s'en dégagent
Et si l'temps tournai à l'orage
Yaurai sa mère dans un visage
Yaurai pas d'haine, et pas d'carnage
Yaurai qu'l'inconscience de son âge
Quelques bombecs, quelques mirages
Et l'bonheur pour être en phase

Imagine Ayang Xémine
Lever les yeux d'sa triste mine
Qu'est qu'il verrai dans l'ciel de Chine
Pas plus penché qu'une Timyline
Verrai des milliards d'unité
Une place Tien Anmen bien cliné
Des chars, des pars de marché
Et p't'être Maho pour le guider

Qu'il dégage, qu'il dégage avant l'orage
Qu'il dégage oh oh oh, qu'il dégage

Imagine un taliban
Lever les yeux sous son turban
Sûr qu'dans l'ciel bleu d'Afghanistan
Yaurai plus d'femmes et plus d'enfants
Yaurai comme un espèce de voile,
Un tchador noir qui cache l'âme
Quelques armées, des tonnes de larmes
Planquées dans des nuages de drames

Imagine le pire des présidents
Buch l'américain pédant
Pris dans encore un de ses moments
A divaguer au-dessus du vent
Il verrai dans ces gros trucs blancs
Tonnes de pétrole et tonnes d'argent
Mais sûrement pas l'visage des gens
Gazés au nom du bon texan
Il s'verrai lui le géant
Gérant le plus con des continents
Et comme le bouffon qu'il est sûrement
Il savourerai l'instant présent
Qu'il dégage, qu'il dégage avant l'orage
Qu'il dégage oh oh oh, qu'il dégage

Moi quand j'regarde dans les nuages
J'voit mon gamin dans un visage
Et suite à la douceur de cette image
Ya comme une haine qui s'dégage
Voit la beauté de ce présage
Qui pourrai tourner a l'orage
Parce que l'regard de tous ces naz
N'ira jamais dans l'sens des sages
Qu'il dégage, qu'il dégage avant l'orage
Qu'il dégage oh oh oh, qu'il dégage

tirado do site
http://www.paroles.net/chansons/30489.htm

quinta-feira, abril 06, 2006

Medo... =P

Beeeeeeemm!!!!! Há taaanto tempo que não vinha surfar pa estes lados! Isto é realmente impressionante... o meu último post data de... 28 de Março!!!?!!!! Que vergonha. Também não tenho tido propriamente muito tempo para vir aqui escrever as minhas bácoras... Tenho duas histórias pra contar.

1ª: as minhas aventuras no fórum de Bioética. Este semestre, na cadeira de Bioética, temos um fórum, na net, em que fazemos debates sobre os mais variados temas. Alguns não têm NADA a ver com bioética mas é giro. O post que mais me assustou foi este (de uma tal Luísa):

«Surgiu, numa das cadeiras que tenho este semestre, um texto que fazia referência a um site do RYT Hospital em que nos é apresentado um individuo, o Sr Lee Mingwei, e a quem foi "provocada" uma gravidez. No site descrevem o processo, também inclui uma entrevista, assim como outras informações (http://www.malepregnancy.com/). (…)»

Vão ver o site antes de ler o resto deste post… mete medo.

Posto isto, veio uma tal Nicole:

«Eu sou aluna da referida cadeira onde foi abordado este tópico, e posso garantir que a gravidez é falsa. Trata-se de um projecto elaborado por um artista o mr. Lee, no fundo o que eu acho que o que Mr. Lee quer é alterar o pensamento da sociedade, porque como viram na teoria já é possível uma gravidez masculina, contudo ainda com riscos para o Homem. Ora o que é preocupante é o facto deste site parecer tao realista que existem pessoas a deixarem post a desejarem sorte para o bebe e q corra tudo bem, ou seja muitas pessoas acreditam que o senhor esta mesmo grávido, outras dizem q o bebe devia de ser morto e q mr. Lee devira de se arrepender. (…)»

Fiiuuuuuuuuuuuu…!!!! Suspiro de alivio. Claro, então não se estava mesmo a ver que aquilo era tudo peta?! Qualquer pessoa que olhe para aquelas fotos vê que é montagem… e aqueles diagramas hormonais?! Táva-se mesmo a ver! (Que isto fique entre nós: eu, Carol, estudante em Biologia, engoli tudo. Mas é porque sou eu.)

Depois, houve um engraçadinho (um tal Jacinto) que escreveu um post fantástico (a Carolina sou eu):
« (…) A fecundação masculina trata-se de um processo vestigial, proveniente dos antepassados marítimos do homem. Como tu, Carolina (bjufax pra ti,tombém ), enunciaste:

«Afinal, nos cavalos marinhos, também é o macho que dá à luz...»

O homem, possui, numa posição antero-posterior, imediatamente abaixo da bexiga e acima da próstata, um micro-útero. Daí que o maior problema na fecundação, seja a inexistencia de óvulos no homem e a dificuldade de os fazer chegar até este útero.
Se a fecundação ocorrer (possivelmente a partir de uma ligação por um canal rectal), o ovo inicia o seu desenvolvimento. Para que o feto continue a ser desenvolver, os testículos do hospedeiro, migram até à zona abdominal, mutando-se até se tornarem ovários, os quais vão produzir hormonas femininas e desenvolver os mamilos para o aleitamento do nosso querido bebé. Assim concluo esta pequena explicação universal, sobre o natalidade no homem. Espero que tenham ficado elucidados e caso tenham dúvidas, não exitem em contactar-m.

"E na fecundação, o macho enche-se de vida"

Cheers,Jacinto Leite
»

Não está genial? Só é pena esta malta escrever com tanto erros…

Pronto, foi esta a minha 1ª história. Aí vai a 2ª:

Tenho estado a ler um livro que comprei há meses e que se chama Os 7 Pecados Capitais (na próxima vez que cá vier escrevo referências mais precisas, não tenho aqui o livro), e vinha lá esta história, contada por um dos autores, tendo como protagonista um conhecido de um amigo do dito, no pecado da Avareza:

Era uma vez um indivíduo com problemas financeiros. Era casado, com imensos filhos, e era muito esperto. Um dia, como era muito esperto, teve uma ideia luminosa para resolver o problema. No dia seguinte, ao almoço, quando estava a família toda sentada à mesa, logo que a mulher trouxe a panela da sopa, diz ele: “Dou 5escudos a quem quiser ficar sem almoço”. Como na altura, 5escudos já era uma soma respeitável, aceitaram todos, e levantaram-se da mesa com o dinheiro no bolso. Ao Jantar, depois de um dia de trabalho, a família senta-se à mesa e diz o pai: “Agora só janta quem pagar 5escudos.” Quem ainda os tinha, jantou. Os outros ficaram a ver. (não me lembro bem do fim mas era algo do género:) Nessa altura um dos filhos manda uma boca qualquer insinuando muito subtilmente a sacanice do pai ao que ele responde: “Tss tss, olhe que pai só há um…” “Felizmente…” responde o puto.

THE END

quinta-feira, março 23, 2006

Porquê...

Porquê... mas porque é que tem de estar este tempo? As palmeiras já parecem todas malucas... E os pinguins? Porque é que têm esta mania de comer as bananas verdes? É que nem esperam que estejam maduras!!! Será que não sabem o que é uma espécie em vias de extinção? São todos uns incompetentes. A culpa é deles!!! Ainda por cima o Sporting ontem perdeu... Mas que chatos. É o que eu digo. Do meu tempo... ai ai... estes pinguins de hoje em dia... pff

segunda-feira, março 20, 2006

AAAAAAARRGGGHHH!!!!!!!!!!!!!!

Nããããooooooooooo!!!!!!!!!!!
Já me tinha esquecido do texto original... e a tradução é péssima (quem é que confunde "onda" com "maré"?):

«Mais savez-vous, Monsieur Brul, que c’est ignoble, d’imposer à des enfants une régularité d’habitudes qui dure seize ans? Le temps est faussé, Monsieur Brul. Le vrai temps n’est pas mécanique, divisé en heures, toutes égales… le vrai temps est subjectif… on le porte en soi… Levez-vous à sept heures tous les matins… Déjeunez à midi, couchez-vous à neuf heures… et jamais vous n’aurez une nuit à vous… jamais vous ne saurez qu’il y a un moment, comme la mer s’arrête de descendre et reste, un temps, étale, avant de remonter, où la nuit et le jour se mêlent et se fondent, et forment une barre de fièvre pareille à celle que font les fleuves à la rencontre de l’océan. On m’a volé seize ans de nuit, Monsieur Brul… (…) Voilà pourquoi j’ai triché.»
L'Herbe Rouge, Boris Vian

segunda-feira, março 13, 2006

há um momento, como quando a onda pára...

«mas sabia, senhor Brul, que é ignóbli impôr às crianças uma regularidade de hábitos que dura dezasseis anos? O tempo é falsificado, senhor Brul. O verdadeiro tempo não é mecânico, dividido em horas todas iguais… o verdadeiro tempo é subjectivo… trazemo-lo em nós… Levante-se todas as manhãs às sete horas… Almoce ao meio-dia… Deite-se às nove horas… e nunca terá uma noite para si… nunca poderá saber que há um momento, como quando a onda pára de descer e fica por um lapso queda antes de subir de novo, em que a noite e o dia se misturam e se fundem e formam uma barra de febre semelhante à que os rios fazem ao se encontrarem com o oceano. Roubaram-me dezasseis anos de noite… eis a razão porque eu fiz batota.»

Boris Vian, A Erva Vermelha

(imagem tirada de: www.olhares.com
Autor: LUÍS J P MANJERICO
Data: 2005-02-15 12:26:46)

segunda-feira, março 06, 2006

cena triste

Personagens: Me, Polícia municipal, Mãe, Filho.

Cenário: sentada num banco de rua, com um livro na mão, A Caverna do Saramago se bem me lembro; à minha frente ondulava levemente a tela verde-escuro-esburacado de uns andaimes de onde emanava um cheiro pouco agradável (é a minha especialidade: encontrar sítios confortáveis e tranquilos para ler). À minha direita estava um carro mal estacionado, no passeio.

O carro já tinha aquelas coisas amarelas para bloquear as rodas e encontrava-se ao lado dele um polícia do mais tuga possível: bigodaça, ventre avantajoso, etc, etc… saca de um autocolante daqueles que se colam na janela da viatura transgressora do Código e põe-se a escrever algo. Nesse momento passa atrás do meu banco uma mãe, com pelo menos dois sacos de plástico numa mão e a mão do filho na outra (penso que me fiz entender).

FILHO: Olha mãe! Um polícia! O quéquele tá a fazer?

MÃE: Tá a pôr uma multa no carro que está mal estacionado. Tás a ver aquelas coisas amarelas nas rodas? É porque assim o dono do carro já não o pode tirar dali e tem mesmo que ir pagar a multa.

FILHO: Uau! Não tenho a certeza deste uau mas fica bem.

A mãe e o filho ficam a observar o representante da autoridade.

Nisto, o senhor polícia, que já tinha acabado de escrevinhar tudo, prepara-se para colar o referido autocolante e tira o papel (daqueles que os autocolantes têm atrás e que se tiram para se poder colar o autocolante). Como bom exemplo para os dois atentos observadores (três a contar comigo), atira vigorosamente o papel por cima do ombro, para o chão, cola o autocolante no vidro da viatura, coça o bigode e vai-se embora. A mãe puxa o filho pela mão: “Anda, temos de ir lanchar”.
Eu contenho o riso.

domingo, março 05, 2006

le temps...

«Le temps n'est pas de l'argent, il est la vie même, la seule manière de le gagner consiste précisément à le perdre»

(pris du résumé de "L'Histoire sans fin" de Michael Ende)

sexta-feira, março 03, 2006

40km/h


Estes últimos tempos tenho voltado para casa à boleia com people do teatro e aprendi algo relativamente interessante: ao que parece, quem percorre a av. 24 de Julho a 40 km/h (refiro-me os automobilistas) não tem de parar o carro uma só vez, e apanha todos os sinais verdes. O sistema foi estabelecido de propósito para que quem anda a altas velocidades tenha de parar regularmente, chegando finalmente ao mesmo tempo que aqueles que se limitam aos 40. O trajecto é assim feito practicamente no mesmo lapso de tempo, gasta-se muito menos gasolina do que no acelero-travo-arranco-acelerodenovo-tenhoquetravaroutravez. É portanto um sistema +económico, +ecológico, para além de +seguro e ainda por cima dá para gozar com os trols que se divertem a ultrapassar toda a gente para depois ter de parar no semáforo seguinte =P.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Teatro = momento de liberdade?


Comentário que pus no post do Esquisito "Teatro e Vida. Representação e realidade"

Eu encaro o Teatro como um jogo. Uma oportunidade de viver a vida de outra forma, sem implicações, sem compromissos, onde (quase) tudo é permitido e sem consequências de maior. Também é poder lidar com aquelas facetas que todos temos escondidas, veladas pelo teatro que fazemos no dia-a-dia com o intuito de dar de nós próprios aquela imagem que pensamos ser a mais aceite por aqueles que nos rodeiam; poder libertar e ficar a conhecer emoções já ressentidas directa (por experiência própria) ou indirectamente (por experiência alheia), usá-las para a criação duma personagem que só existirá naquele momento em que a representamos através do nosso próprio corpo e da nossa experiência de vida. A meu ver o Teatro pode portanto ser visto nestes dois aspectos: como Arte no processo de criação duma personagem, de transmissão de emoções; ou como jogo, brincadeira de faz de conta, aventura, experiência noutra dimensão.

imagem: recorte do cartaz para a 7ª edição da Mostra de Teatro de Almada (tirada de http://lazer.publico.clix.pt/artigo.asp?id=145346) estes dias decorre a 10ªed!!!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

anonimato

Hoje de manhã saí de casa para a faculdade. Cedinho, ainda não havia ninguém na rua e ainda não se sentia o cheiro a pequeno-almoço. (Pois, porque em Afama cheira-se a comida à hora das refeições, sopa, carne assada, peixe grelhado, etc… ou café, torradas…). Ia portanto a descer a rua para a autocarro, em zigzag entre passeio (molhado, escorregadio, com uma inclinação de 45º para a direita) e a estrada (cheia de cocós de cão, vá-se lá saber porquê, e com carros de vez em quando, mas menos inclinada e menos escorregadia), passaram-me à frente vários jovens (tipo nos vintes, quase trintas), altos, de mochila às costas, a dar grande passadas. De repente abre-se a porta de um prédio, mesmo na altura em que eu ia a passar e sai outro gigante. Eu olho para ele (apanhei um susto com a porta a abrir-se assim de repente), ele olha para mim (violinos), continuei a andar e ele passou-me à frente com as tais grandes passadas. Era negro, alto, de mochila e tinha óculos. Via-o a andar lá à frente, enfim, descíamos os dois a rua, a uns dez metros de distância um do outro e vejo-o a virar à esquerda, para umas escadinhas por onde costumo descer (shortcut) para apanhar o autocarro. Sigo-o, que remédio, e instala-se algum embaraço: eu com a desagradável sensação de quem segue sem querer (neste caso sem alternativa) alguém, sentindo que esse alguém tem a sensação de estar a ser seguido mas tenta disfarçar. Espero ter-me feito entender. Ouviam-se os nossos passos a descer as escadas e a ruela. Ao chegar à rua principal (aquela do ISPA) penso: é um ISPAíno, vai virar à esquerda. Não, vira à direita, como eu. Decido atravessar a estrada. Ele atravessa também e passa-me à frente. Ao virar da esquina vejo-o a correr para apanhar o 90. Que pára nos Restauradores. É o que eu quero. Corro também. No autocarro sento-me no fundo. Nos Restauradores ele levanta-se. Saímos os dois. Ele parte noutra direcção e eu entro no Metro. Vejo-o a aparecer por outra entrada. No cais, fico numa das pontas (é o que dá mais jeito a quem depois apanha o comboio em 7rios), vejo-o a ir para o meio, começo a pensar no meu horário e na teórico-prática de Bioquímica (que acabei por não ter, levantei-me às tantas para nada), chega o metro, entro, blablabla. Jardim Zoológico. Saio do metro, com a multidão matinal, e quem é que me passa à frente ao subir as escadas? Foi aí que o vi diluir-se e desaparecer no mar de gente. Ao chegar à Linha 4 (comboio para Coina, lindo nome...) olhei à minha volta. Não podia deixar de fixar estupidamente todos os indivíduos negros, altos, de óculos, mochila. Pena não ver ao longe. Penso que se o reconhecesse no cais do outro lado da linha até lhe acenava. Ou ficava a olhar para o chão, constrangida por este anonimato citadino que todos temos a mania de manter a todo o custo. Ou então sacava do telemóvel a ver de sms. Inutilmente desligado.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

publicidade...

Pois é, até custa acreditar… encontro-me em frente ao monitor de um PC… COM NET!!! E com tempo para escrever!! Já agora aproveito para informar os estimados leitores que neste momento, apesar de não ter publicado nada desde dia 14, se encontram vários posts em curso (na minha mente brilhante). Não sei se alguém se deu ao trabalho de ler os excertos de Primo Levi que publiquei… refiro-me, obviously, ao pessoal do Liceu Francês, visto que chegámos a dar um livro dele na 3ème (acho eu).

Já agora explico porque publiquei aqueles excertos (arriscando-me a levar com um processo de direitos de autor!!!). Há imenso tempo que não ficava realmente (e duravelmente, mas ainda não passou tempo suficiente para o comprovar) marcada por um livro, e este é daqueles que me deixam a pensar em cada capítulo. Provavelmente por ter passado por Auschwitz, e também, como é evidente, por ter imenso talento literário, é impossível ficar indiferente a todas as reflexões que o Primo Levi faz ao longo do livro, enquanto judeu na 2ª guerra mundial. Fiquei com vontade de saber mais sobre ele (uma biografia do Primo Levi é um dos novos posts a considerar =P). Pode não ter nada a ver com nada, mas ele suicidou-se no ano em que nasci. Só que em Abril. Não, não tem, realmente, nada a ver com nada.
Please, leiam pelo menos o último excerto ("fin"). Como disse num dos posts, não me chega ter lido, preciso que outros também o leiam…

fin

«Des enfant adultes et sauvages, mûris dans les privations, dans l'isolement, dans les campements et dans la guerre. Désorientés au seuil de l'Occident de la paix. Voilà, sous leurs bottes vingt fois rafistolées, le sol de l'ennemie, de l'exterminatrice, l'Allemagne-Deutschland-Dajcland-Niemcy: une campagne propre, nette, pas touchée par le guerre, mais attention, ce n'est là qu'une apparence, la véritable Allemagne, c'est celle des villes, celle entrevue à Glogau et à Neuhaus, celle de Dresde, de Berlin et de Hambourg dont on leur avait raconté le sort effroyable. C'est celle-là la véritable Allemagne, celle qui s'était soûlée de sang et avait dû payer; un corps prostré, blessé à mort, déjà en décomposition. Nu. En même temps que la joie barbare de la vengeance, ils éprouvaient une gêne nouvelle, comme celui qui découvre une nudité interdite.
Des deux côtés de la route se voyaient des maisons aux fenêtres condamnées, pareilles à des yeux clos ou qui ne veulent pas voir; quelques-unes de ces maisons avaient encore leur toit de chaume, d'autres n'en avaient plus, ou bien il avait brûlé. Des clochers en ruine, des stades où déjà poussait de la mauvaise herbe. Dans les agglomérations, des tas de décombres avec des écriteaux où on lisait: "Ne pas marcher ici: corps humains". De longues queues devant les rares boutiques ouvertes, et des habitants du lieu s'affairant à effacer ou à ôter à coups de marteau les symboles du passé, ces aigles et ces croix gammées qui devaient durer mille ans. Aux balcons flottaient d'étranges drapeaux rouges: on y voyait encore la trace du svastika noir décousu en toute hâte; mais bientôt, à mesure que les gédalistes poursuivaient leur chemin, les drapeaux se firent plus rares et finirent par disparaître.
Gédal dit à Mendel:
– Si ton ennemi tombe, ne te réjouis pas; mais ne l'aide pas à se relever.»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

"Dix pour un..."

«Ils progressèrent dans la nuit, aussi vite qu'ils le purent, avec le remords de cette trop facile vengeance, et aussi le soulagement de se dire que tout était fini.[...] Mendel était en tête du groupe, entre Line et Gédal.
– Vous les avez comptés? demanda Line.
– Dix, répondit Gédal. Deux près de la porte, un que Mottel a tué dans l'escalier, sept dans la salle du conseil.
– Dix pour un, dit Mendel. Nous avons fait comme eux: dix otages pour un Allemand abattu.
– Ton compte est faux, dit Line. Les dix de Neuhaus ne doivent pas être portés au compte de Rokhélé, mais à celui des millions de morts d'Auschwitz. Souviens-toi de ce que nous a raconté la Française.
– Le sang, dit Mendel, ne se paie pas avec le sang. Le sang se paie avec la justice. Celui qui a tiré sur la Noire est une bête humaine, et je ne veux pas devenir une bête. Si les Allemands ont tué par le gaz, devrons-nous aussi tuer tous les Allemands par le gaz? Si les Allemands tuaient dix hommes pour un et qu'on faisait comme eux, on deviendrait comme eux, et il n'y aurait plus jamais de paix.
Gédal intervint:
– Tu as peut-être raison, Mendel. Mais alors comment ça se fait que je me sens mieux maintenant?
Mendel réfléchit un moment:
– Oui, moi aussi, je me sens mieux, admit-il enfin, mais ça ne prouve rien. À Neuhaus, c'étaient des réfugiés de Dresde. Smirnov nous a raconté: à Dresde, il y a eu cent quarante mille morts en une seule nuit. Cette nuit-là, à Dresde, ça flambait tellement que la fonte des lampadaires a fondu.
– Ce n'est pas nous qui avons bombardé Dresde! dit Line.
– Assez! dit Mendel. Ça a été la dernière bataille. Marchons plus vite, allons chez les Américains.»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

terça-feira, fevereiro 14, 2006

E 28

há certas imagens em que vale a pena clicar para ver em grande

táxi no semáforo (tenho um fascínio por aquela varanda)



a já referida veranda e semáforo


esperando pelo 28 (a tal varanda lá ao fundo)


mosteiro de São Vicente desde o eléctrico (já não aparece a varanda)


limoeiro

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

dernières lectures

Il fallait que j'en transcrive quelquels passages. Comme dit mon père, c'est tellement fort que ça ne suffit pas de les avoir lu.

"j'étais le mécanicien du kolkhoze..."

«J'étais le mécanicien du kolkhoze, et mon boulot me plaisait. Les montres, je les réparais "en privé", à temps perdu: il n'y en avait pas beaucoup, mais tout le monde avait un fusil, et je réparais aussi les fusils. Et si tu veux savoir comment il s'appelle, mon village, il s'appelle Strelka, comme tout un tas d'autres patelins; et si tu veux savoir où c'est, je te dirais que ce n'est pas loin d'ici, ou plutôt que «ce n'était», parce que ce Strelka-là n'existe plus. La moitié des habitants s'est égaillée dans la campagne et dans les bois, les autres sont dans une fosse, et ils n'y sont pas à l'étroit, parce que beaucoup étaient déjà morts avant d'y être jetés. Dans une fosse, oui; ils ont dû la creuser eux-mêmes, les juifs de Strelka; mais dans la fosse, il y a aussi des chrétiens, et entre eux, maintenant, il n'y a pas tellement de différence. Il faut que tu saches que moi qui te parle, moi, Mendel l'horloger qui réparais les horloges du kolkhoze, j'avais une femme, et qu'elle est dans la fosse, elle aussi; il faut aussi que je te dise que je m'estime heureux de ne pas avoir eu d'enfants. Il faut encore que tu saches que ce village qui n'existe plus, je l'ai maudit plus d'une fois, parce que c'était un village de canards et de chèvres, et qu'il y avait une église et une synagogue mais pas de cinéma; et maintenant, quand j'y repense, cela me semble le Paradis terrestre et je me couperais bien une main pour que le temps fasse marche arrière et que tout redevienne comme avant.»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

"ils pensent aussi que quand un homme vaut plus qu'un autre, il a le droit d'en faire ce qu'il veut, de cet autre..."

« - Pourquoi les Allemands veulent-ils tous vous tuer?
- Difficile à expliquer, dit Mendel. Il faudrait comprendre les Allemands, et moi je n'y suis jamais arrivé. Les Allemands pensent qu'un juif vaut moins qu'un Russe et un Russe moins qu'un Anglais, et qu'un Allemand vaut plus que tous les autres; ils pensent aussi que quand un homme vaut plus qu'un autre, il a le droit d'en faire ce qu'il veut, de cet autre, même un esclave ou de le tuer. Peut-être bien qu'ils ne sont pas tous convaincus, mais c'est des choses qu'on leur apprend à l'école, et c'est ces choses-là que raconte leur propagande.
- Je crois qu'un Russe vaut mieux qu'un Chinois, dit Piotr, pensif. Mais si la Chine laissait la Russie tranquille, il ne me viendrait pas à l'idée de tuer tous les Chinois.
-Moi, au contraire, dit Mendel, je crois que ça n'a pas beaucoup de sens de dire qu'un homme vaut plus qu'un autre. Un homme peut être plus fort qu'un autre, mais moins savant. Ou plus instruit mais moins courageux. Ou plus généreux mais aussi plus bête. Si bien que sa valeur dépend de ce qu'on attend de lui; un type peut être très fort dans son métier, et ne plus rien valoir si on l'oblige à en faire un autre.»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

"Pourquoi vivre davantage, pourquoi combattre?"

«La faim se faisait sentir: non pas celle, douloureuse, terrible, dont Leonid et d'autres avaient souffert dans les lagers allemands de l'arrière, mais une faim nostalgie, une envie sourde de légumes frais, de pain tout juste sorti du four, d'une nourriture peut-être simple, mais choisie selon le caprice du moment. Une autre nostalgie, un autre regret, celui du pays et du foyer se faisait aussi sentir, obsédant pour tous, déchirant pour les juifs. Pour les Russes, le regret du foyer, c'était aussi une espérance raisonnable, probable même: un désir de retour, un rappel. Pour les juifs le regret de leur foyer n'était pas un espoir mais un désespoir, enseveli jusqu'alors sous des souffrances plus urgentes, plus intolérables encore. Un désespoir toujours latent. Leurs foyers, leurs maisons n'existaient plus: ils avaient été jetés bas, incendiés par la guerre, ensanglantés par les massacre perpétrés par les commandos de chasseurs d'hommes, maisons tombes, auxquelles il valait mieux ne pas penser, maisons de cendres. Pourquoi vivre davantage, pourquoi combattre? Pour quelle maison, pour quelle patrie, pour quel avenir?»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

"Les Allemands ne nous étaient pas sympathiques non plus, mais on pensait qu'ils étaient venus pour faire justice..."

«- Ma fille, les choses, ici chez nous, ne sont pas aussi simples. Dans ce village, par exemple, les juifs et les polonais ont vécu ensemble pendant je ne sais combien de siècles, mais ils n'ont jamais sympathisé. Les Polonais peinaient dans les champs, les juifs, eux, étaient artisans ou commerçants, ils encaissaient le loyer des terres pour le compte des propriétaires et, à l'église, le curé disait que c'était eux qui avaient trahi le Christ et l'avaient crucifié. Nous n'avons jamais répandu leur sang, mais quand les Allemands sont arrivés en 1939, et qu'ils ont d'abord commencé à spolier les juifs, à se moquer d'eux, à les frapper et à les enfermer dans des ghettos, je dois dire la vérité...
[...]
... je dois dire la vérité, tout le monde a été content. Les Allemands ne nous étaient pas sympathiques non plus, mais on pensait qu'ils étaient venus pour faire justice, ou enfin pour prendre l'argent des juifs et nous le donner.
- Ils étaient donc tellement riches, les juifs de Zborz? demanda Gédal.
- Tout le monde disait que oui. Ils étaient mal habillés, mais les gens disaient que c'était parce qu'ils étaient avares.
[...]
Mais les choses sont devenues encore plus compliquées après, quand les Allemands ont donné des fusils aux Ukrainiens pour qu'ils les aident à massacrer les juifs (au lieu de ça, les Ukrainiens tiraient sur nous et emmenaient notre bétail) [...] Sur vous autres, j'ai changé d'avis après, quand j'ai vu de mes yeux ce que les Allemands ont fait aux juifs d'Opatow.
- Qu'est-ce qu'ils leur ont fait? demanda Mendel.
- [décrit le massacre] Voilà! À voir les enfants tués de cette façon j'ai commencé à comprendre que les juifs sont des gens comme nous, et que les Allemands auraient fini par nous faire ce qu'ils leur avaient fait. Et je vous raconte ça parce que quand on se trompe, il est bon de reconnaître ses erreurs, et aussi parce que vous avez fauché le seigle et arraché les pommes de terre.
[...]
- Tu ne sais pas tout. Il y a d'autres choses, tellement horribles que tu ne les croirais pas, et pourtant elles ont eu lieu non loin d'ici. Ne se sauvent que ceux des nôtres qui ont choisi de faire comme nous.
- Je me suis tout de suite aperçu de ça aussi, oui, que vous êtes armés.
[...]
-Pour nous aussi, les choses ne sont pas simples, dit Gédal. On est juifs, et on est russes, et on est partisans. En tant que Russes, on aimerait bien attendre que le front arrive jusqu'ici, et puis se reposer un peu et retourner chez nous, mais nos maisons n'existent plus, ni nos familles; [...] En tant que partisans, notre guerre est différente de celle des soldats, et tu le sais bien: elle ne se fait pas au front, mais dans le dos de l'ennemi. En tant que juifs, nous avons une longue route devant nous. Qu'est-ce que tu ferais, toi, en tant que maire, si tu te trouvais tout seul, à mille kilomètres de chez toi, et que tu savais que ton village, et tes champs, et ta famille n'existent plus?
- Je suis vieux, et je crois bien que je me pendrais à une poutre. Mais si j'étais plus jeune, j'irais en Amérique: comme mon frère qui a eu plus de courage que moi et qui a vu plus loin.
- Bien dit. Même parmi les juifs, il y en a qui ont des parents en Amérique et qui désirent aller les rejoindre. Mais dans notre groupe personne n'a de parents en Amérique: notre Amérique n'est pas si loin. Nous combattrons jusqu'à la fin de la guerre, parce que nous croyons que la guerre est une chose affreuse, mais que tuer les nazis est la chose la plus juste qu'on puisse faire aujourd'hui à la surface de la terre. Et puis nous irons en Palestine, et nous essaierons d'y bâtir la maison que nous avons perdue et de recommencer à vivre comme vivent tous les autres. C'est pour ça qu'on ne s'arrêtera pas ici et qu'on continuera de marcher vers l'ouest, pour être toujours derrière les Allemands et trouver le chemin qui nous mènera vers notre Amérique.
[...]
- Qu'est-ce que vous allez faire en Palestine?
- Cultiver la terre, dit Line. Là-bas, la terre sera à nous.
- Vous serez des paysans, alors? demanda le maire. Vous faites bien d'aller loin d'ici, mais ce n'est pas bon d'être des paysans. C'est un sale travail.
- Nous irons vivre comme vivent tous les autres peuples, dit Line [...]. On fera tout ce qui y aura à faire.
- Sauf d'encaisser les loyers pour les propriétaires des terres, ajouta Gédal.»
Primo Levi, Maintenant ou jamais

bouc émissaire

«La guerre, c'est surtout une grande confusion sur le champ de bataille et aussi dans la tête des hommes: très souvent on ne comprend même pas qui a gagné et qui a perdu, ce sont les généraux et ceux qui écrivent les livres d'histoire qui le décident après coup.»

«Autrefois, au jour des pardons, les juifs prenaient un bouc; le grand prêtre posait les mains sur la tête de la bête, énumérait tous les pêchés commis par le peuple et les lui attribuait, l'en chargeait: c'était lui le coupable, lui seul. Puis il le chassait, le poussait dans le désert, chargé des pêchés qu'il n'avait pas commis. "Les Gentils font la même chose, se disait Mendel. Eux aussi ont un animal, un agneau qui prend sur lui tous les pêchés du monde. Pas moi, je n'y crois pas. Si j'ai pêché je porte le poids de mes pêchés, rien que de ceux-là, et j'en ai de reste. Je ne porte pas les pêchés des autres"»

Primo Levi, Maintenant ou jamais

"Je voulais seulement savoir si, sur cette terre d'Israël où vous voulez aller, ils voudront aussi de moi."

«Piotr se leva comme un écolier qu'on interroge; tout le monde rit, il se rassit et dit:
- Je voulais seulement savoir si, sur cette terre d'Israël où vous voulez aller, ils voudront aussi de moi.
- Ils te prendront sûrement, dit Mottel. Je te ferais un mot de recommandation, et tu n'auras pas besoin de changer de nom, ni de te faire circoncire. [...]
On entendit la grosse voix de Pavel:
- Écoute-moi, le russe: le nom n'a aucune importance, mais fais-toi circoncire. Profite de l'occasion. Ce n'est pas tellement une affaire de pacte avec Dieu, c'est plutôt comme pour les pommiers. Si on les taille au bon moment, ils poussent bien droit et donnent plus de pommes.
Rokhélé la Noire eut un long rire nerveux; Bella se dressa toute rouge et déclara qu'elle n'avait pas fait des kilomètres et des kilomètres et couru tant de dangers pour entendre des propos pareils. Piotr regardait autour de lui, intimidé et gêné.
Puis, sérieuse comme toujours, Line parla à son tour:
- Bien sûr qu'ils te prendront, même sans la recommandation de Mottel. Mais pourquoi veux-tu venir avec nous?
- Eh bien, commença de dire Piotr, encore plus gêné, les raisons sont nombreuses...
Il leva la main, le petit doigt en l'air, comme font les russes quand ils commencent à compter:
- Premièrement...
- Premièrement? répéta Dov, encourageant.
- Premièrement je suis croyant, dit Piotr, avec le sourire de celui qui a trouvé un bon argument.
- Got, scenk mir an òysred! cita Mottel en yiddish.
Ils éclatèrent de rire, Piotr les regarda, froissé.
- Qu'est-ce que tu as dit? demanda-t-il à Mottel.
- C'est une façon de dire à nous. Ça se traduit par: «Seigneur Dieu, envoie-moi une bonne excuse.» Tu ne vas tout de même pas nous faire croire que tu veux rester avec nous parce que tu crois au Christ? Tu es partisan et communiste, et tu n'as pas tellement l'air de croire au Christ. Et puis on ne croit pas au Christ, nous autres; et on ne croit même pas tous en Dieu.
Piotr le croyant proféra en russe quelques injures bien senties et reprit:
- Vous compliquez les choses comme personne. Bon, je ne sais peut-être pas vous expliquer, mais c'est vraiment ça. Je veux rester avec vous parce que je crois au Christ, et allez tous vous faire voir avec vos distinctions.
Il se leva, l'air offensé, et se dirigea vers la porte d'un pas décidé, comme pour partir, mais il fit demi-tour:
- Et j'ai encore une bonne dizaine de raisons de rester avec votre bande de crétins. Parce que je veux voir le monde. Parce que je me suis disputé avec Oulybine. Parce que j'ai déserté, et que s'ils me prennent ça finira mal pour moi. Parce que j'ai baisé vos putes de mères, et parce que...
Quand il en fut là, on vit Dov courir vers lui comme s'il voulait lui sauter dessus, mais, au contraire, il le serra dans ses bras, et les deux hommes se martelèrent le dos de coups de poing affectueux.»

Primo Levi, Maintenant ou jamais

terça-feira, fevereiro 07, 2006

manhã d'inverno

na praça do comércio a caminho de 7rios

cais de lx ao nascer do sol (do comboio)


cais... tremido

balco picanino puxando balco glande

nascer do Sol na margem Sul

de volta ao fim da tarde...


segunda-feira, fevereiro 06, 2006

5 primeiras frases, Cintura Industrial e tempo perdido

5 1as frases:
«O homem que conduz a camioneta chama-se Cipriano Algor, é oleiro de profissão e tem sessenta e quatro anos, posto que à vista pareça menos idoso. O homem que está sentado ao lado dele é o genro, chama-se Marçal Gacho, e ainda não chegou aos trinta. De todo o modo, com a cara que tem, ninguém lhe daria tantos. Como já se terá reparado, tanto um como o outro levam colados ao nome próprio uns apelidos insólitos cuja origem, significado e motivo desconhecem. O mais provável será sentirem-se desgostosos se alguma vez vierem a saber que aquele algor significa frio intenso no corpo, prenunciador de febre, e que o gacho é nada mais nada menos que a parte do pescoço do boi em que assenta a canga.»

Cintura Industrial
«Deixaram a Cintura Agrícola para trás, a estrada, agora mais suja, atravessa a Cintura Industrial rompendo pelo meio de instalações fabris de todos os tamanhos, actividades e feitios, com depósitos esféricos e cilíndricos de combustível, estações eléctricas, redes de canalizações, condutas de ar, pontes suspensas, tubos de todas as grossuras, uns vermelhos, outros pretos, chaminés lançando para a atmosfera rolos de fumos tóxicos, gruas de longos braços, laboratórios químicos, refinarias de petróleo, cheiros fétidos, amargos ou adocicados, ruídos estridentes de brocas, zumbidos de serras mecânicas, pancadas brutais de martelos de pilão, de vez em quando uma zona de silêncio, ninguém sabe o que se estará produzindo ali.»

tempo perdido
«Cipriano Algor pôs a furgoneta em andamento. Distraíra-se com a demolição dos prédios, e agora queria recuperar o tempo perdido, palavras estas insensatas entre as que mais o forem, expressão absurda com a qual supomos enganar a dura realidade de que nenhum tempo perdido é recuperável, como se acreditássemos, ao contrário desta verdade, que o tempo que criámos para sempre perdido teria, afinal, resolvido ficar parado lá atrás, esperando, com a paciência de quem dispõe do tempo todo, que déssemos pela falta dele.»

excertos de A Caverna de José Saramago

Luz

Ontem à noite enquanto eu estava a jantar passou a minha mãe no corredor: "Passo a vida a apagar luzes!". É mais uma daquelas frases que depois me ficam a trautear na cabeça. Sobretudo a um dada hora da noite, em que quero dormir (e TENHO de dormir por causa do exame do dia seguinte) mas o meu cérebro funciona a 300 à hora e não há meio de parar de pensar.
Fez-me lembrar aqueles senhores do século passado (ou de há dois séculos atrás?) que passavam na rua ao cair da noite para acender os candeeiros a gás e de madrugada para os apagar. Afinal também há, ou houve, que passe a vida a pagar luzes... Também fiquei a pensar em como o conceito de luz, e a sua utilização, evoluíram.

Há já alguns anos (não me lembro de quantos milhões) o ser humano descobriu e aprendeu a controlar o fogo (o Homo Erectus, não era?) e desde essa altura o fogo ficou sinónimo de presença humana, protecção contra o frio e os animais selvagens. Também era fonte de luz, essencial para o Homem. Aquela presença indispensável para a sobrevivência assim como o movimento perpétuo das chamas tinham algo de mágico. O fogo tanto pode ser símbolo de Luz, de Vida (de sobrevivência) como de queimadura, incêndio, morte. Na Bíblia o fogo é visto como elemento regenerador. Também pode ser usado para desinfectar feridas, ou queimar ervas daninhas para tornar o campo mais fértil. Neste caso, elemento regenerador no sentido de destruir o que é nocivo para dar lugar a… a quê? [fiquei sem palavras... são coisas que acontecem.] (também poderia fazer alusão aos autos de fé). Mas estou-me a afastar da luz.
Antes usava-se portanto o fogo como fonte luminosa, actualmente temos a luz eléctrica. Lembro-me de testemunhos, em livros, sobre africanas que sempre viveram em "palhotas", nas suas "reservas", e que descobrem a luz eléctrica das grandes cidades:

«Elle n'était pas encore en sécurité, loin de là, mais elle était entourée de dangers familiers. Après tout le temps passé dans la brousse, elle les trouvait bien moins angoissants que les mines terrestres. Elle songea à grimper à un arbre pour y atteindre l'aube, mais quelque chose attira son regard dans le noir.
C'était une lumière, une lumière brillante. Elle brillait plus que cent feux. Elle venait de la première maison au-delà de la frontière du Zimbabwe.
[...]
Pleine d'émerveillement, Nhamo se fraya un chemin dans la forêt. Il y avait plusieurs lumières fixées au toit d'une grande maison carrée et elles illuminaient une prairie entourée d'une clôture. Nahmo essaya de les regarder directement mais elles brillaient trop. Elles lui faisaient mal aux yeux.»
Elle s'appelait Catastrophe, de Nancy Farmer

«Devo ter dormido durante horas, apesar de ser acordada em sobressalto cada vez que a camioneta dava um salto maior, porque quando despertei mesmo, já anoitecia. Olhei em frente e deparou-se-me uma vista perfeitamente mágica. Ao longe, na distância, estendia-se uma enorme extensão de luzes. Luzes bonitas, de todas as cores. Umas mexiam-se, outras acendiam e apagavam. Eu nunca tinha visto nada assim.
- Olhem! Olhem! – gritei eu, abanando as outras para acordarem. – Olhem! Não há lua. Então de onde vem esta luz toda? – Nas Montanhas Nuba não havia electricidade e, portanto, eu pensava que toda a luz tinha de vir do sol, da lua, ou então de uma fogueira.
[...]
Tivemos de nos segurar com toda a força. Algumas casas tinham muitos andares, todos com as janelas iluminadas por uma luz brilhante, amarela. Mas eram os candeeiros de iluminação pública que mais nos intrigavam. Passávamos por essas filas de postes pretos plantados no cimento, com luzes redondas no topo, como se fossem sóis pequeninos. Não fazíamos a mais pequena ideia do que seriam.
- Olhem! Olhem! – gritei eu de novo. – Essa árvores devem dar frutos de luz! Vamos chamar-lhes «árvores-luz».»
Escrava de Mende Nazer e Damien Lewis

No entanto, actualmente há a preocupação de poupar energia (daí a minha mãe a apagar as luzes todas quando chega a casa) e talvez até haja luz a mais. É com efeito cada vez mais difícil encontrar um lugar adequado para ver as estrelas, sem "poluição luminosa" (expressão deveras reveladora...). Lembro-me também de um amigo dos meus pais, suíço (oriundo desse "primeiro mundo" que é a Europa do Norte =P), maravilhado com Alfama à noite, com os seus candeeiros de luz fraca e amarelada sem ainda meios suficientes para ter aquela luz branca, lívida, violenta, das lâmpadas de néon e dos candeeiros modernos.

Com efeito, para quê tentar imitar a luz do dia durante a noite? Para quê gastar tanta energia se estes candeeiros antigos de Alfama são suficientes para se poder ver os próprios pés e as fachadas das casas? Por questões de segurança? Não é por os candeeiros serem fortes que deixa de haver recantos sombrios susceptíveis de esconder qualquer intenção nefasta. Até os tornam mais sombrios ainda. Há esse "medo do escuro" e da penumbra que torna uma luz quase violenta (falsa imitação do dia e do sol) reconfortante... Já agora mais vale tirar partido da capacidade natural que têm os olhos humanos para se adaptarem ao escuro, em vez de a inibir.

terça-feira, janeiro 31, 2006

refresco

Hoje de manhã saí de casa cedo, com os meus irmãos, para me vir inscrever a uma melhoria na faculdade. Acordei (dificilmente, certas pessoas sabem bem porquê) diferente, o pequeno-almoço não me soube como de costume, os meus passos nas escadas de madeira para ir para o carro também não soaram iguais e a luz do dia pareceu-me espectacular. Não estava com aquele peso no peito, aquele mau humor de quem teria gostado ficar mais tempo debaixo do edredon (sei que se escreve edredão mas acho que soa melhor ederdon). Apetecia-me MESMO saltar da cama (para isso faltou-me energia), sair de casa, apanhar o comboio em 7 Rios. Agora põe-se a questão: How’s that possible? OK, para quem possa ter ideias: NO, I’m NOT in love. O meu estado de bem-estar (que aqui até parece euforia, mas também não ia assim tão longe) era devido a algo que levava na mochila. Tatããã… suspense…
Bem, tenho de aprender a escrever introduções mais curtas. Na mochila levava… CHEGAAAAA!!! Levava a máquina fotográfica do meu pai. A máquina fotográfica, pronto. Com um rolo dentro (convém). Mas é que há séculos que não o fazia. Dei-me conta que não sou a mesma pessoa quando tenho uma máquina fotográfica comigo. O meu olhar não é o mesmo. Fica mais atento à beleza que me rodeia, seja ela qual for. Até a estação de 7rios me pareceu atraente, e o cais com as pessoas a enregelar em pé romântico, a viagem de comboio, que sempre foi um bom momento, tornou-se… num excelente momento. (Bem, isto foi péssimo, mas nem sempre consigo encontrar palavras para tudo). Até os vidros nojentos do comboio me inspiraram: ils diffusent la lumière du soleil, em bom português, e tornam a paisagem misteriosa, como numa cena cinematográfica.
Obviamente, o momento não foi perfeito: dei-me conta de que me tinha esquecido do segundo rolo em cima da minha secretária, só pude portanto acabar o que estava dentro da máquina (e praticamente no fim). Mas valeu a pena refrescar o meu olhar. Ou renová-lo? Até a viagem de TST, já na margem sul, foi inesquecível: os “espaços verdes” (ou descampados?) tinham a relva pintalgada de flores amarelas, as folhas das árvores estavam brilhantes, a relva da beira da estrada, na chegada à faculdade, estava branca de geada e também brilhava ao sol. Quando saí do autocarro as palmeiras destacaram-se aos meus olhos do azul do céu, as pedras da calçada tinham jogos de sombras com o sol rasteiro da manhã, reparei nas árvores que estão ao lado do 7 (edifício VII), altas, esguias, sem folhas, alinhadas contra a parede branca do edifício. Até vi um resto de neve ressequida!!!! (Sim, era neve de ontem, ainda na sombra de uma irregularidade do solo, prestes a derreter-se ao sol).

domingo, janeiro 29, 2006

quinta-feira, janeiro 26, 2006

MUSIQUE I

Oñati, Guipuzcoa, Pays Basque, Espagne, Europe, planète Terre, Système Solaire, année de 1999. Ou 2000? La date n'a de toute façon aucune importance. Tiens, ça me fait tout drôle d'écrire en français... Bref, j'étais une gamine de 11 ans environ, je venais d'avoir une année de solfège à l'école de musique du village, le moment était venu pour moi de choisir MON instrument. Un vrai, plus la flûte à bec de l'école primaire. Le point de départ de la construction de toute une part de moi-même, le début d'une nouvelle vie quotidienne, d'un nouveau défi, qui durerait en tout cas toute ma scolarité. Premier coup de tête: le piano.

MUSIQUE II

Môtiers, Canton de Neuchâtel, Suisse, Europe, ... etc. L'année: mon enfance? Mois d'août, moments magiques, uniques, fondamentaux parce que rares: 1 mois dans l'année. Grands-parents paternels, maison dans la campagne jurassienne, à l'odeur caractéristique (comme d'ailleurs toutes les maisons, mais à l'époque je ne m'en rendais pas encore compte), escaliers avec la moquette, que l'on ne peut monter qu'en pantoufles, ou en chaussettes, laissant les chaussures de la rue dans l'entrée. Ma chambre. Notre chambre ou, plutôt, celle des enfants; avec le lit à trois étages (actuellement il n'en a que 2) et... le piano. Noir, brillant, toutes ces touches, noires ou blanches, chacune avec une sonorité différente, sous l'énorme couvercle que les grandes personnes ouvrent doucement, avec respect. Au-dessus il y a les piles de cahiers de musique, centenaires, bicentenaires, jaunes comme des papyrus trouvés sous une pyramide.
Au moins une fois dans la journée:
- Grand-maman, est-ce que je peux jouer du piano, s'il te plaît?
- Est-ce que tu t'es lavé les mains?
- Oui!
- Alors, d'accord. Mais doucement, rappelle-toi des petits marteaux, il ne faut pas qu'ils abîment les cordes.
Je me déchausse en vitesse, pas le temps de défaire les noeuds de mes basquets, et je monte les escaliers à toute allure, les marches 2 par 2; arrivée dans la chambre je monte sur le banc tournant, le couvercle est déjà ouvert. J'invente des mélodies, me raconte des histoires; je passe du calme de la mer du large au chaos, tempête, orage, avec le super effet de la pédale de droite, et les mains à plat sur 3 ou 4 ou même 5 touches à la fois. Sur celles de tout à gauche, les graves. Mais jamais très longtemps, pour ne pas me faire gronder. Celles de tout à droite sont bien aussi, on se demande à chaque note si c'est possible de faire plus aigu. La dernière est tellement aigue qu'on ne l'entend presque pas.

Sinon des fois, pendant que je m'occupe à autre chose, j'entends grand-maman qui s'exerce, et je monte pour regarder. J'entre dans la chambre sur la pointe des pieds et me rends parfois compte qu'on est plusieurs, attirés par la musique. Soit je reste debout derrière grand-maman, un peu sur le côté pour voir ses mains, légères, et ses doigts qui se posent sur des touches, presque toujours les bonnes, on se demande comment; soit je grimpe sur le deuxième étage du lit, pour m'allonger et voir d'en haut. J'écoute la musique et m'amuse à entendre grand-maman s'énerver toute seule quand elle se trompe trop souvent (Mais... oh, et puis flûte!). Et puis quand elle finit et voit que je suis là, j'ai droit soit à une histoire (de neige le soir avec les flocons qui tombent dans la nuit et puis des monsieurs qui arrivent et se mettent à danser et les dames qui arrivent avec leurs belles robes et leurs rubans et qui dansent à leur tour et à la fin tout le monde danse ensemble et même les mains de grand-maman dansent en se croisant sur le clavier), soit... à un cours avec les petits cahiers de 4-mains, que grand-maman sort d'une pile, et qui ont déjà les pages toutes détachées c'est tout juste s'ils ne se défont pas en poussière. Là, je prends le deuxième banc et je m'assied à sa droite. Plus question de taper n'importe où; je repère ma touche de la main droite, puis celle de ma main gauche, et: 2 , 3 , (la voix de grand-maman, tout bas, on commence, concentration pour suivre le rythme, ne pas me tromper de doigt), on joue, on rejoue, et puis plus vite, et une autre, celle du petit cheval, celle de la marquise, celle du bateau, etc. Je ne me souviens plus des noms exacts des musiques. L'année suivante grand-maman me joue 2 ou 3 mélodies, à jouer toute seule, pour que j'en choisisse une à apprendre pendant les vacances, et puis je l'oublie pendant l'année et l'été suivant j'en apprends une autre, un petit peu plus dure, et ainsi de suite.

C'est pourquoi ce jour-là, de mes 11 ans, à Oñati, j'étais décidée à apprendre à jouer du piano sérieusement, pour de vrai, avec des cours, et un prof, et tout et tout, comme ma grande cousine Dominique, comme grand-maman quand elle était petite.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

vou jantar.

Estou farta de exameeeeeeeees!!!! 4 exames. É ridículo! São só 4. Cabem nos dedos de 1 mão! 1, 2, 3, 4. Já está. Porquê é que o suplício tem de durar quase um mês?! Quem instituiu isto deve ter tirado um doutoramento em tortura chinesa, não há hipótese! AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHRRRRRRRGGHHHHHHHHHHH!!!! (acabei de sair do de matemática, estou com os neurónios fritos, não liguem). Até fiquei com saudades do BAC, 8 exames numa semana (foram 8? Não me lembro…), a matar, mas passado uma semana acabou, agora assim… Felizmente todas as coisas boas têm um fim, e as más também. Como um PR indesejado, sabe-se à partida que mais de 10 anos não dura (o mandato são 5, não são? Acho que sim). A propósito, ontem houve eleições legislativas em Cabo Verde!!

José Maria Neves era um homem visivelmente satisfeito quando, cerca das duas da manhã, prestou as primeiras declarações de vitória. Além de agradecer ao eleitorado que votou no PAICV e reafirmar o propósito de melhorar o nível de vida dos cabo-verdianos, Neves declarou que se devem investigar os indícios de envolvimento do narcotráfico no financiamento de partidos políticos.
[…]
Eram 0h39m quando José Maria Neves subiu ao terraço da sede nacional do PAICV, no Plateau, e foi ovacionado por uma imensa multidão, de milhares de pessoas, durante vários minutos, com direito inclusive a fogos-de-artifício.

http://www.asemana.cv/article.php3?id_article=15248

Nada que se compare obviamente com o imenso entusiasmo popular depois da eleição do Novo Presidente de Todos os Portugueses.

Pronto, estagnei. Eu tinha começado a escrever com algo preciso em mente, a sério, não era sobre eleições que eu queria escrever o post!!! I swear!!!! Também não era sobre exames!!!! Era outra coisa, isto era apenas a introdução! …
Entretanto lembrei-me de uma frase eu li na Xis do sábado passado, na crónica da Faíza Hayat. Era mais ou menos assim (hoje estou com a memória estranha, não prometo nada): «Os mais jovens distinguem-se dos menos jovens porque estão sempre a fazer coisas pela primeira vez; os muito velhos distinguem-se dos menos velhos porque têm sempre a sensação de estar a fazer coisas pela última vez». Isto assim fica horrível, tenho de ir ver o original. No próximo século, quando conseguir encontrar a revista em questão (passo 1) e aceder à net (passo 2, não menos difícil), corrigirei o post. A crónica era a propósito de um costume: escrever listas daquilo que teremos de fazer pela 1ª vez. A autora costuma fazer uma de 12 elementos a para o ano novo (1 por mês), e refere-se na crónica a uma amiga que faz uma lista dessas por dia (não me lembro de quantos elementos). É uma forma de elixir da juventude, afinal de contas. Para o ano experimento. Acho que este já vai ter 1as vezes suficientes. (Pelo menos parece-me que as que foram dão para o ano todo... estou mesmo jovem.) Vou jantar, talvez me lembre do que queria realmente escrever.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

a propósito de bebés...

Estive hoje de manhã a ler a parte mais interessante da cadeira de introdução à biologia (seria interessante se fosse dada de outra maneira, mas enfim): o aspecto histórico.
Primeiro, a Grécia Antiga, com Hipócrates e Aristóteles (pelo que está nos acetatos, é o fundador da biologia). O Hipócrates inventou a ideia do “corpus hipocrático”: as partes do corpo humano seriam constituídas pelos 4 elementos (fogo, água, ar e terra) representados pelas 4 partes do corpo (fígado, bílis, pulmões, e baço) e responsáveis por 4 temperamentos (sanguíneo, bilioso, fleumático e colérico). A saúde sendo resultado do equilíbrio entre estes 4 humores. Pelo que percebi, no sangue circulariam “miniaturas” destas 4 partes do corpo, que, uma vez passadas para o sémen, seriam transmitidas à geração seguinte. Não sei se na altura já se denominava desta maneira, mas actualmente chamamos-lhe teoria préformista. Aristóteles opôs-se a esta teoria. A dele era muito mais “à frente”. Ele afirmava que o embrião era o resultado da associação do sémen (do homem), substância energética e regeneradora (tipo pó de perlimpimpim), e da matéria física e sem vida à partida: o sangue menstrual da mulher. E pooh! Fez-se o chocapic.
Depois, no tempo de Roma, no século 1a.c., houve um senhor chamado Lucrécio (supostamente precursor da genética, é o que afirmam os acetatos) formulou a ideia (penso que a palavra ainda não era usada) de dominância: se na altura na união dos gâmetas (entendam-se as sementezinhas do pai e da mãe, acho que a palavra gâmeta também não existia todavia), durante o “acto”, a mulher tivesse mais energia, a criança seria parecida com ela, caso contrário, teria mais características paternas.
Pronto, depois a biologia evoluiu, as ideias em relação à hereditariedade e à pergunta “como são feitos os bebés?” mudaram e perderam um bocado a piada…
Bem, no século XVII, existia ainda a teoria préformista, com o Homunculus. Pensava-se que o existia um ser humano inteiro em miniatura dentro dos gâmetas, mas atenção! Duas escolas rivalizavam: a escola ovista pretendia que o Homunculus estava no óvulo da mulher e que o esperma servia simplesmente para o regar e estimular o seu crescimento; e a escola espermista afirmava que não senhora, o Homunculus estava mas era nos espermatozóides (o microscópio já havia sido inventado) e que a contribuição da mulher se resumia ao ventre para o Homunculos se desenvolver, tipo saco. A partir daqui, no século XVIII, século das Luzes e tal, a Biologia tornou-se uma ciência experimental e exacta… com as terorias celulares, as embriologias, as leis da hereditariedade de Mendel publicadas em 1866 (nas quais se baseia grande parte da genética clássica actual) e que, coitadinho do senhor, só foram descobertas e divulgadas por volta de 1900 por um senhor chamado Hugo de Vries (holadês), a teoria da evolução, a teoria cromossómica da herança, etc, etc, etc…
Pronto, tenho de me ir embora a correr, mas se houver pessoal de bcm a ler isto (Mitch, conto contigo!!) e descobrir erros imperdoáveis, não hesite em dizer qualquer coisa. Bem, se não for de bcm também pode encontrar erros, nesse caso avisem também!

citations littéraires... ou scientifiques?

Si un être humain est un jour confronté à mon témoignage, il sera conduit à se mettre à ma place. Se souviendra-t-il qu'il fut ce que ses propres médecins appellent un zygote, une sorte d'animalcule qui a hésité pendant quelques jours avant de choisir un endroit où s'implanter dans la muqueuse utérine de sa mère (...)?
François WEYERGANS, la Vie d'un bébé, p. 102.

Fruit inattendu d'une recherche (vaine) sur l'étymologie de quelques termes relatif aux différentes phases de la prophase I de méiose, dans le Grand Robert de la langue française. J'ai trouvé impressionnant qu'il existe des auteurs littéraires capables d'introduire des mots pareils dans leurs ouvrages... =P

pour les pas scientifiques DU TOUT:
(ZYGOTE n. m. – Biol. Oeuf fécondé, produit de l'union des gamètes.)

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Feira da Ladra

Porquê é que a Feira da Ladra tem tão má fama? O pessoal só pensa em tráfico de droga, objectos roubados, pickpocket… Não nego que haja tudo isso, mas depende da zona em que se está... também há aqueles stands com livros, discos, k7s pirata em segunda, terceira, quarta mão, artesanato (brincos pulseiras, etc, mas também trabalhos de couro, costura…) Africanos com aquelas bugigangas de madeira, índios latino-americanos (quase todos com os mesmos produtos, mas dá para comparar os preços), tugas a vender roupa de marca a preços de fábrica… antiguidades, bandas desenhadas de há 3 séculos, artigos de “bricolage”… enfim, montes de coisas. E ainda por cima anda lá todo o tipo de pessoas, desde turistas maravilhados a malta alternativa, “mitras”, senhoras bem, … e dá para regatear!!! É o único sítio em que gosto mesmo de fazer shopping.
Anteontem fui à lá e fiquei desolada por não se poder andar com máquina fotográfica… Estava ali na zona mais “underground” lá atrás e vi passar um tipo com cabelo comprido, todo com rastas, casaco podre, saco de couro todo coçado, barba de três dias, exalando aquela fragrância que se pode imaginar de tal indivíduo a três kilómetros. Ao lado caminhava um cão preto, rafeiro, com… um livro na boca! O bicho passeava ao lado do dono (suponho que aquele era o dono) com um policial entre os dentes, daqueles livros de bolso, de capa preta e páginas amareladas, com os cantos ligeiramente retorcidos, como se tivesse sido folheado, lido, dezenas de vezes… visão inesquecível.

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