Ontem tive a primeira aula do curso preparatório da stem cell research school. Correu bem, foi mais uma aula de apresentação, para ficarmos a conhecer os profs e os outros estudantes.
Hoje tivemos o "Academic Career Day", um conjunto de seminários sobre estratégias para a nossa carreira no mundo académico. Foi muito interessante (embora os suecos tenham uma maneira de falar que dá vontade de dormir - foi da maneira que me fartei de tirar apontamentos), e vou escrever o que aprendi, porque pode ser útil para qualquer pessoa (não só investigadores) e porque assim arrumo as ideias.
Os primeiros seminários foram sobre as estratégias de recrutamento da Fac de Medicina da universidade de Lund, o tipo de "positions" que exitem e as que vão sendo criadas em áreas estratégicas. Também sobre a "filosofia" e os valores da Universidade, e sobre o tipo de pessoas que querem para levar isto para a frente. Os objectivos são, claro, a excelência mas também a criação de redes e contactos com outras Universidades tanto na Suécia como no resto do mundo. Também há imenso a preocupação de existir igualdade de géneros (hoje em dia há praticamente o mesmo número de homens e mulheres) e a diversidade de "backgrounds" (tanto a nível científico como cultural). Preocupam-se com a formação não só de jovens estudantes dinâmicos e tal mas também de bons líderes e mentores. Para isto querem promover interacção entre as diferentes faixas etárias na Universidade, desde os estudantes de licenciatura aos investigadores "séniors". E dão muita importância ao ensino, a experiência no ensino é preponderante para o recrutamento de novos investigadores. Assim, deram-nos 4 aspectos chave que têm de ser postos em evidência num currículo: bom estudante, bom professor, bom líder, boa interacção com a sociedade não científica. Para além do resto, claro (publicações, experiência em investigação, etc.)
Também tivemos uma sessão de brain storming, sobre o que é que cada um considera uma boa carreira (ser feliz, ser reconhecido, gostar do que faço, etc). Falou-se na frustração de se gostar de áreas que não têm tanto reconhecimento e credibilidade e das quais se tem de abdicar por uma carreira; no problema dos "futuros prémios nóbeis" - malta que tem ideias tão maradas que ninguém quer financiar ou contratar, e que depois se revelam inovadoras - como identificá-los (qual a diferença entre o excêntrico simplesmente louco e o excêntrico futuro prémio Nóbel)?
Também deu para descobrir a importância de desempenhar, na Universidade, cargos para além de investigador/professor. Deram a imagem da árvore, mais vale te poderes segurar a vários ramos ao mesmo tempo, because it can become stormy, out there... Ser útil, ser generoso, quanto mais gente precisar de ti, melhor.
Depois começou a parte que já não me dizia tanto respeito - malta que falava da carreira académica a partir do ano 0. Sendo 0 o ano de defesa da tese de Doutoramento. É sempre bom e gratificante saber que me encontro no ano -5 (no melhor dos casos) da minha carreira académica... Falou-se em estratégias para post-docs, candidaturas a lugares de investigador, que tipo de bolsas existem para as diferentes fases da carreira, estratégias de publicação... Sobre isto estivemos a ouvir um consultor do "European Research Program", que também nos explicou a "multi-level lobbying approach" e falou sobre consórcios europeus de investigação. Aqui não achei grande piada o facto de ele nos dar exemplos em que realçava a ausência, nos consórcios, de países sul-Europeus e de Leste, como sendo algo óbvio e benéfico. Senti desprezo, mas enfim, talvez tenha percebido mal.
Também pudemos ouvir uma senhora do Swedish Research Council (SRC). Passou quase uma hora a mostrar gráficos que "demonstravam" que investigadores que obtinham bolsas do SRC tinham mais sucesso na carreira académica do que aqueles que obtinham bolsas de outras entidades, nomeadamente em termos de obtenção de financiamento externo posteriormente. Com base num inquérito a menos de 200 pessoas. Devo dizer que não percebi a relevância destes estudos, até porque ela foi incapaz de explicar o porquê deste fenómeno. Tem a ver com os critério de selecção deles? Com o facto de a obtenção destas bolsas conferir mais prestígio do que outras? Com o montante? Não sei. E estas hipóteses são minhas, ela não fazia ideia. Pelos vistos nem se deu ao trabalho de pensar nisto.
Houve uma coisa que achei particularmente interessante nesta última apresentação, e que penso que deveria ser implementada também em Portugal (se calhar já o é). Existem bolsas para investigadores que fizeram o Doutoramento na Suécia (podem ser de qualquer nacionalidade) e que queiram fazer um post-doc para o estrangeiro. Recebem financiamento durante 2 anos ou mais desde que voltem para a Suécia. Quando voltam, têm uma "position" garantida durante um ano. Isto como forma de importar tecnologia e saber sem perder tantos cérebros.
Outro conselho que achei relevante foi o facto de encorajarem os post-docs a começar logo a candidatar-se a bolsas de projecto. Como forma de treinar a escrita dos projectos, de ir juntando a documentação importante, e de aprender a ser rejeitado. Nunca me tinha passado pela cabeça "treinar candidaturas".
Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!
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1 comentário:
tivemos uma aula com o chefe do gabinete de candidaturas a bolsas do karolinska que nos deu exactamente o mesmo conselho - candidaturas pra ir treinando... aliás, vou ter uma cadeira este semestre exactamente pra treinarmos "grant applications"!
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