É um sofá relativamente grande, para duas pessoas. Embora neste momento só cá esteja eu. Tem almofadas grandes, verdes, axadrezadas com riscas amarelas, brancas e vermelhas. Mas já cá está há tanto tempo que as cores estão longe de ser vivas. À minha frente arde o lume na lareira. Dado que é serão não são precisas grandes labaredas, basta aquelas tímidas chamas que se limitam a consumir a cavaca, lentamente. Para fazer brasas, porque as brasas é que aquecem a casa. Nesta hora de calma, bastam pequenas chamas para ouvir crepitar o lume. E para fixar aquele movimento que transmite a eterna sensação de vida e efemeridade que o fogo representa desde os tempos mais remotos. Atrás de mim a minha mãe e o meu irmão jogam à canasta. Sem mim. Porque tenho que estudar. Mas estou com o portátil do meu pai ao colo, sentada no sofá, a escrever.
Tenho alturas, assim, em que sinto a cabeça a fervilhar de ideias, de reflexões, em que tenho comichão nos dedos, e preciso urgentemente de um teclado. É triste... porquê é que já não escrevo à mão? Digo escrever neste sentido, escrever como forma de expressão, de pôr por escrito o que me vem à cabeça e que SEI, sinto que não pode voar, não pode escapar. Detesto a sensação de me sentir “produtiva”, com ideias, de não ter a possibilidade de me exprimir, e sentir que elas escapam. Passaram. Por vezes voltam. Mas nem sempre. Mas se tenho oportunidade de escrever, como agora, sinto que está antes de tudo. Antes de IQV e Matemática. Nem que tenha de passar depois a noite em claro a estudar e a recuperar o atraso que já levo de pelo menos três dias no meu plano de estudo para os exames de Janeiro. O Piloto (filho da Púcara =P) ladra lá fora. É o meu pai a voltar do passeio nocturno. Agora está a avivar o lume. “És tu, ou sou eu?” isto foi a minha mãe, antes de biscar, esfregando a carta na mesa antes de olhar para ela, para dar sorte. É daqueles gestos aos quais nos habituamos, mesmo sabendo que não vai mudar a carta, que não dá para lhe “trocar as pintas”. Superstição? may be...
Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Acerca de mim
blogs de pessoal que conheço, blogs de personnes que je connais:
outros/autres
Arquivo do blogue
-
►
2014
(1)
- ► janeiro 2014 (1)
-
►
2013
(18)
- ► novembro 2013 (4)
- ► julho 2013 (5)
- ► junho 2013 (5)
- ► abril 2013 (2)
- ► janeiro 2013 (1)
-
►
2012
(13)
- ► dezembro 2012 (3)
- ► julho 2012 (4)
- ► junho 2012 (1)
- ► março 2012 (1)
- ► fevereiro 2012 (1)
- ► janeiro 2012 (3)
-
►
2011
(12)
- ► setembro 2011 (3)
- ► junho 2011 (4)
- ► janeiro 2011 (5)
-
►
2010
(64)
- ► dezembro 2010 (3)
- ► novembro 2010 (2)
- ► outubro 2010 (4)
- ► setembro 2010 (10)
- ► agosto 2010 (6)
- ► junho 2010 (2)
- ► abril 2010 (10)
- ► março 2010 (10)
- ► fevereiro 2010 (3)
- ► janeiro 2010 (12)
-
►
2009
(101)
- ► dezembro 2009 (8)
- ► novembro 2009 (20)
- ► outubro 2009 (15)
- ► setembro 2009 (3)
- ► agosto 2009 (1)
- ► julho 2009 (3)
- ► junho 2009 (9)
- ► abril 2009 (4)
- ► março 2009 (13)
- ► fevereiro 2009 (7)
- ► janeiro 2009 (3)
-
►
2008
(9)
- ► novembro 2008 (2)
- ► setembro 2008 (1)
- ► abril 2008 (1)
- ► fevereiro 2008 (4)
-
►
2007
(28)
- ► abril 2007 (1)
- ► março 2007 (11)
- ► fevereiro 2007 (8)
- ► janeiro 2007 (8)
-
►
2006
(67)
- ► dezembro 2006 (1)
- ► novembro 2006 (1)
- ► outubro 2006 (4)
- ► setembro 2006 (11)
- ► agosto 2006 (4)
- ► julho 2006 (5)
- ► junho 2006 (4)
- ► abril 2006 (3)
- ► março 2006 (6)
- ► fevereiro 2006 (18)
- ► janeiro 2006 (8)
3 comentários:
Uma das piores coisas que me podem acontecer...ter sempre ideias "brilhantes" quando a situação nao permite guarda-las. Ou estou a passear num parque a olhar para a relva verde e a ouvir os passaros a cantar agrupados la encima nos ramos, ou estou na casa de banho a cantar por baixo do duche. So sei que essas ideias são efemeras demais para eu sequer tentar captura-las correndo para peguar num lapis e começar a escrever. Logo depois de poisar a caneta na folha...nada...a ideia foi passear.... Sera que vai um dia voltar? Espero que sim.... E nesse dia quero ter um daquele gravadores de vozes e capta-la. Ai darei me feliz por ter pela primeira vez sido "brilhante".
So para dizer que muitas vezes acordo no meio da noite (pelas 2 ou 3 da manha) para rapidamente peguar num lapiz e escrever o que acabei de sonhar.... Volto depois para a cama contente com esse minuto que me permitiu criar algo e de o guardar inscrito para sempre num canto de uma folha cheia de rascunhos.
que posso eu dizer que já não foi dito? não sei... certo é que, apesar de tanta coisa ter sido já feita, não páram de surgir novidades. A humanidade é uma coisa realmente fantástica, e a mente, essa, algo que nos transcende na sua capacidade reflectiva, que chega ao ponto de ter consciência de si própria e reflectir sobre aquilo que ela própria pensa. O pensamento a reflectir sobre o pensamento...
Enviar um comentário