Que ninguém se sinta obrigado a ler este blog... a sério, só o fiz para ver como é, para publicar aquilo que me vem à cabeça... o que nem sempre é interessante. Ne vous sentez pas obligés de lire ce blog... je l'ai fait uniquement comme expérience, pour publier ce que je considère intéressant. Et tout est relatif. Surtout l'intéressance. Bref, bienvenue à mon blog! Bem-vindos ao meu blog!

quarta-feira, março 10, 2010

Fire Course

Hoje tive o "fire course". Obrigatório para todos os membros da universidade de Lund, um curso dos bombeiros para aprender a lidar com um incêndio. Devo dizer que me fartei de aprender.
Suponho que a primeira pergunta que se fazem os meus leitores é: como são os bombeiros suecos? A amostra que tive foi duas bombeiras atarracadas... Pronto, no país da igualdade de sexos não admira assim tanto, mas, convenhamos, desilude.
O curso durou a manhã toda, com parte teórica e parte prática. Na teórica mostraram-nos um vídeo de um incêndio em tempo real. Foi giro, porque foi provavelmente filmado nos anos 80, e aparecia um senhor de bata e óculos alucinados em fundo de garrafa (para não falar do penteado). Começou por mostrar uma sala - sofá, mesa, planta de interior, secretária, estante. Depois acendeu uma vela com gesto muito profissional e deitou-a delicadamente no sofá. Saiu e ficámos a ver a sala a pegar fogo. A bombeira ia parando o filme e comentando. Em menos de 2minutos já só podes entrar a rastejar e mesmo só se houver uma criança a brincar no chão e que convém tirar dali. Em menos de cinco só se via o enquadramento da porta cheio de fumo negro agressivo e uma chamas gigantes a espreitar de vez em quando. Não foi muito reconfortante.
A bombeira também nos explicou que nos filmes americanos em que o herói entra num edifício em chamas para salvar uma donzela e sai com ela ao colo e 3 cabelos chamuscados é peta. Ao que parece, num fumo de incêndio só tens direito a inspirar 2 vezes, à terceira morres asfixiado. Cá estamos...
Aprendi os 3 tipos de extintores que existem e em que circunstâncias devem ser usados. Também vimos um vídeo de uns senhores a tentar apagar uma panela com óleo em chamas... com água. Um fogo de artifício impressionante. Não façam isto em casa!! (ainda bem que avisas). Para quem não sabe (eu devo dizer que desconfiava), há que por a tampa na panela e esperar que passe. Bem, e tirar a panela do lume, só naquela.
A bombeira também falou em células de incêndio (se bem me lembro). É a cena de fechar portas de incêndio. Eu percebi que as portas se fechavam automaticamente e fiz figura de loira a perguntar "então mas e se há pessoas no edifício?". Primeiro mandas sair as pessoas e depois fechas a porta, explicou-me a bombeira. Enfim, deu para pôr o pessoal bem disposto. Era uma piada. Disfarça, Carol.
Também nos falaram das leis suecas em relação a incêndios e acidentes, para nos explicar que era nossa responsabilidade, enquanto cidadãos, preveni-los.
Depois da parte teórica, passámos à prática.
Fomos para o parque de estacionamento em que a bombeira tinha estacionado o carro dela ao lado de um carrão XPTO todo cromado - não me lembro da marca - a menos que tenha sido o contrário.
O reboque do carro da bombeira era, na verdade, uma espécie de lareira metálica ambulante. Abria-se e lá dentro havia uma espécie de tanque com gazolina, ou qualquer coisa do género, que se inflamava com um interruptor.
A bombeira sacou dos extintores (de dióxido de carbono) e explicou-nos como utilizá-los. Estes só apagam o fogo a um ou dois metros e só quando o foco se encontra em baixo. Em cima não dá. A partir daí ia acendendo a "lareira" (que por acaso metia respeito) e tivemos de ir, um por um, pegar no extintor e apagar o fogo. Yey!
No grupo havia um senhor asiático (parecia chinês) que se estava sempre a rir e, claro, de máquina fotográfica em punho. Tirou uma foto às duas bombeiras a posar ao lado do reboque-lareira e pediu à bombeira 2 para lhe tirar uma foto na vez dele apagar o fogo.
Às tantas chegou o dono do carro cromado com cara de poucos amigos, olhou para nós e para a bombeira furibundamente, inversão de marcha e foi-se embora.
Depois de todos termos usado o extintor, a bombeira sacou de um boneco tipo de lona ou assim com forma de pessoa crescida. Ia-lhe pegando fogo para nós apagarmos com um cobertor. Parece que se deve deitar a pessoa no chão (por vezes tem de se usar violência) para o fogo não subir para a cara/cabelos e, com um cobertor, de lã ou algodão (nada de sintéticos), abafar o fogo, começando pela cabeça, tronco e membros. Foi essa a parte que treinámos. A bombeira ia deitando fogo ao boneco com um lança-chamas e nós tínhamos de o apagar com o cobertor. Explicou-nos que no fim não convém despir a pessoa (se a roupa for sintética derreteu, colou-se, e arrancas-lhe a pele) e arrefecê-la com água a 37ºC (e não água fria como toda a gente acha) enquanto esperas pela ambulância.
A "bombeira 2" era suposta estar lá para traduzir do sueco para o inglês, mas como não tinha grande jeito para a coisa, a 1 lá se desenrascou.
No fim recebemos um diploma. Mais um canudo para o meu extensíssimo curriculum vitae.

2 comentários:

Janebloom227 disse...

hahahahaha nós temos simulações dessas quase todos os meses! :D

Thomas disse...

Bem, a pergunta não era assim tão estúpida... Cá, no liceu, as portas são automáticas e fecham sozinhas quando soa o alarme: resultado, no último alerta (treino) ninguém sabia para onde ir, pensavamos que aquilo estava vedado.

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